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IBGE: arrefecimento do IPCA tem efeito da recessão; pessoas não estão comprando

12:12 | 09/12/2016
A redução nos preços dos alimentos tem contribuído para arrefecer a inflação, mas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também tem refletido o efeito da recessão, avaliou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA saiu de alta de 0,26% em outubro para 0,18% em novembro, menor resultado para o mês desde 1998. "Tem efeito da recessão. As pessoas de fato não estão comprando. Vestuário, passagens aéreas, que estão caindo. Em vários itens podemos ver o efeito demanda, que fez com que a taxa (do IPCA) fosse contida", citou Eulina.

Segundo a pesquisadora, é possível que o IPCA de dezembro venha consideravelmente mais baixo do que no mesmo mês de 2015 (quando ficou em 0,96%), contribuindo para que a inflação encerre 2016 perto do teto da meta do governo, de 6,5%.

Grupos e segmentos

O IBGE ressaltou que as variações dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados ficaram entre um recuo de 0,20% e uma alta de 0,57% em novembro, enquanto que o intervalo de alta no mês anterior foi mais amplo - os grupos registraram desde uma queda de 0,13% e expansão de 0,75% em outubro.

Os grupos Artigos de Residência (-0,16%) e Alimentação e Bebidas (-0,20%) apresentaram os mais baixos resultados em novembro. Nos Artigos de Residência, a queda foi influenciada, principalmente, pelos itens eletrodomésticos (-0,92%) e aparelhos de TV, som e informática (-0,92%).

Nos Transportes, embora o grupo tenha avançado 0,28% em novembro (ante 0,75% em outubro), houve redução nas passagens aéreas (-2,29%) e na gasolina (-0,43%), ajudando a conter as pressões dos itens multa (47,82%) e etanol (4,71%).

Os demais grupos com taxas menores no último mês foram Habitação (de 0,42% em outubro para 0,30% em novembro) e Vestuário (de 0,45% para 0,20%).

Em Habitação, a energia elétrica subiu 0,43% em novembro, sob pressão da introdução da bandeira tarifária amarela em substituição à verde, a partir de 1º de novembro, com custo adicional de R$ 1,50 por cada 100 kilowatts-hora consumidos. Além disso, houve aumento de 5,80% nas contas de energia de Brasília, reflexo do reajuste de 4,62% em vigor desde o dia 22 de outubro.

O resultado só não foi maior porque houve queda de 3,57% no Rio de Janeiro, refletindo a redução de 11,73% nas tarifas de uma das concessionárias a partir de 7 de novembro, além de recuo de 3,65% em Goiânia, tendo em vista a redução de 8,83% no valor das tarifas em vigor desde o dia 22 de outubro. "O efeito da volta da bandeira amarela foi quase anulado pela redução de preços de algumas concessionárias", observou Eulina.

Na direção oposta, pressionaram mais o IPCA os grupos Saúde e Cuidados pessoais (de 0,43% para 0,57%), Despesas Pessoais (de 0,01% para 0,47%), Educação (de 0,02% para 0,06%) e Comunicação (de 0,07% para 0,27%).

No grupo Saúde e Cuidados pessoais, o destaque foi o item plano de saúde (1,07%), enquanto nas despesas pessoais houve impacto do empregado doméstico (0,87%).

Serviços

Apesar da recessão e da demanda fraca, os preços dos Serviços permanecem aumentando porque muitos deles são indexados à inflação passada, declarou Eulina. Dentro do IPCA, a inflação de serviços subiu 0,42% em novembro, mais que o dobro da taxa de 0,18% registrada pela inflação oficial no mês.

"A inflação de Serviços vêm acima do IPCA porque há muitos serviços indexados, como plano de saúde, condomínio, aluguel residencial, empregado doméstico, serviços pessoais. Por isso os serviços ainda mostram certa resistência", disse Eulina.

Em relação a outubro, quando os Serviços tinham aumentado 0,47%, a ligeira desaceleração de novembro foi puxada pelo recuo de 2,29% nos preços das passagens aéreas e na alta menor de alimentação fora de casa, que subiu 0,33%, disse Eulina. A taxa acumulada em 12 meses pela inflação de serviços diminuiu de 6,88% em outubro para 6,84% em novembro.

Já a inflação de bens e serviços monitorados ficou em 0,22% em novembro, após alta de 0,54% em outubro. "Mesmo com a alta da multa (47,82%), teve a redução da gasolina (-0,43%)", lembrou Eulina. A taxa acumulada em 12 meses pelos monitorados arrefeceu de 7,00% em outubro para 6,07% em novembro.

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