Brasil está cansado de medidas precipitadas, diz Meirelles
Para Meirelles, as medidas que estão sendo tomadas pelo governo Temer, como a aprovação da PEC 241 e a reforma da Previdência, que será anunciada ainda nesta segunda-feira pelo presidente Michel Temer, são medidas que surtirão efeitos no longo prazo.
Antes, durante a palestra que proferiu no evento, Meirelles criticou as medidas econômicas do governo anterior que previam o crescimento acelerado e que levou ao aumento da dívida pública. "O Brasil está cansado de medidas precipitadas", disse.
Previdência
Durante o evento, o ministro da Fazenda afirmou que é preciso aprovar a reforma da Previdência para garantir que todos recebam suas aposentadorias. Questionado pelos jornalistas sobre a proposta de reforma da Previdência que o governo deve enviar para o Congresso nos próximos dias, ele não quis antecipar detalhes do projeto.
Meirelles mostrou que as despesas do governo cresceram de forma acelerada nos últimos anos e que boa parte disso veio do avanço nos gastos com Previdência, assistência social e transferência de renda. "É necessário reformar a Previdência, reduzir a rigidez do orçamento, desvincular e desindexar o gasto público", afirmou.
Ele disse que as atuais regras da Previdência foram feitas "há décadas" e que o Brasil mudou muito, com expansão da expectativa de vida. "Eu tenho recebido alguns e-mails interessantes. Um cidadão me mandou um e-mail outro dia dizendo que começou a trabalhar com 18 anos e tinha expectativa de se aposentar com 53, para aproveitar melhor a vida. É um direito legítimo, mas quem vai pagar? Todos os contribuintes", contou. Segundo ele, o atual sistema é insustentável e injusto, porque privilegia pequenos grupos, sobrecarregando toda população.
Meirelles lembrou que o descontrole na Previdência pode quebrar um governo e citou o caso do Rio de Janeiro. "Tem outros Estados com problema. Sem reforma, todos quebram. Vamos reformar, isso vai acontecer. Mas as pessoas têm de mudar o enfoque. Em vez de pensar que querem se aposentar cedo, têm de pensar em se aposentar na data certa e com a certeza de que vão receber seu benefício. Isso sim é um direito".
O ministro disse que o governo está dando "passos gigantescos" no ajuste fiscal, com a expectativa de aprovação pelo Senado, em segundo turno, da PEC do Teto, já na próxima semana. O primeiro turno teve aprovação com ampla maioria, ressaltou.
Meirelles disse ainda que o governo estuda outras medidas para estimular a economia, ressaltando que o controle da despesa pública é essencial para a retomada do crescimento, mas não suficiente. "Estamos trabalhando, discutindo questões na área trabalhista, o programa de investimento em infraestrutura é fundamental. São questões complementares, mas em primeiro lugar está o controle do crescimento da dívida pública."
Ele ressaltou que a principal razão para a atual crise é justamente a desconfiança em relação às contas públicas, que gerou queda dos investimentos e do consumo. "Temos de reverter o ciclo vicioso da economia pela redução do avanço da dívida." Segundo o ministro, isso será possível com a PEC do Teto e a reforma da Previdência.