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Crédit Agricole: sem assumir risco cambial, governo não atrairá estrangeiro

18:00 | 26/10/2016
O governo brasileiro tem de assumir o risco cambial do investimento por estrangeiros na infraestrutura, sem o que será muito difícil trazer esse bolso para o País, disse Roberto Reis, responsável por securitização do Brazil Crédit Agricole. "O governo tem capacidade para absorver variações de curto e médio prazo, sem isso vai ser difícil trazer investidor estrangeiro", disse Reis durante Forum de Investidores de Projetos de Infraestrutura da Fitch, em São Paulo.

"O risco cambial tem de ser mitigado, e alguns mecanismos são indexar a tarifa ao dólar ou criar uma agência para dar suporte ao investidor do ponto de vista de risco cambial", acrescentou.

Reis lembra que o mercado brasileiro não oferece funding de longo prazo e que por isso, nos próximos dois a três anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continuará tendo presença importante no financiamento. Mas defendeu que o banco seja mais rígido nas taxas aplicadas aos financiamentos, para incentivar a busca do funding no mercado pelos agentes dos projetos.

"O BNDES pode participar desse mercado para inverter o jogo atual, em que há o desincentivo à busca do investimento privado", destacou.

Marcelo Girão, responsável pelo segmento de Project Finance do Itaú BBA, observou que os fundos de pensão são investidores a serem explorados, e com a melhora da macroeconomia devem voltar a olhar o risco de crédito e para as debêntures de infraestrutura com maior apetite. Girão disse que o investidor pessoa física, embora seja um dos bolsos mais ativos entre os instrumentos incentivados, não tem o perfil correto para financiar o enorme pipeline da infraestrutura, já que não tem profundidade. "Vemos recorde de emissões de incentivadas, superfocado em pessoas físicas, mas apenas pequena parte dele em papéis relacionados a projetos", acrescentou.

Sobre a perspectiva de os ativos já existentes de concessões passadas competirem com os que serão apresentados nas próximas licitações, o responsável por Project Finance do Santander, Diogo Berger, afirmou se tratarem de investidores distintos. "O perfil dos investidores não se confundem", diz. Segundo ele, no primário estão desenvolvedores especializados que conseguem tirar valor de projetos greenfield e aqueles que têm tradição no primário. O secundário, prosseguiu, atrai os fundos com perfil de longo prazo que participam menos de greenfield.

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