Open banking: como o sistema pode facilitar a aquisição de crédito
Com a nova ferramenta do Banco Central (BC), pessoas com ‘nome sujo’ terão maiores chances de obter crédito. Open Banking permite o compartilhamento de dados bancários dos consumidores entre as instituições financeiras, mas é o próprio consumidor que define quais informações podem ser vistas e por qual prazoNo Brasil, o consumidor com o ‘nome sujo’ tem acesso restrito ao crédito e raramente consegue contratar um empréstimo ou fazer uma compra parcelada, já que não pode obter um cartão de crédito. No entanto, a situação dos inadimplentes tende a se flexibilizar com a implementação do open banking, o novo sistema do Banco Central (BC).
O open banking permite o compartilhamento de dados bancários dos consumidores entre as instituições financeiras, sendo o próprio consumidor quem define quais informações podem ser vistas e o prazo em que ficarão disponíveis aos bancos.
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De acordo com o head de open banking da Serasa Experian, um dos principais bancos de dados de restrição ao crédito no Brasil, Leonardo Enrique, só podem participar do open banking instituições reguladas pelo Banco Central. “Os birôs não são instituições financeiras, nem instituições de pagamento, por isso estão fora desse novo sistema”, explicou em matéria publicada no G1.
Os birôs de crédito são os bancos de dados de “nomes sujos” que são alimentados por empresas de segmentos variados e que enviam a eles informações de clientes inadimplentes, negativando o CPF do consumidor até que a dívida seja paga. O open banking não influencia no funcionamento dos birôs.
No entanto, conforme o novo sistema do BC, a restrição ao crédito não integra a lista de dados que podem ser acessados pelos bancos, de modo que pessoas com ‘nome sujo’ tenham maiores chances de obter crédito. Isso é possível porque o open banking permitirá uma análise detalhada da capacidade de pagamento da pessoa, aumentando as chances de ela conseguir empréstimo bancário, um cartão com limite pré-aprovado e, até mesmo, um financiamento habitacional.
Rogério Cardozo, diretor executivo da Simplic – fintech norte-americana dedicada à concessão de empréstimos no Brasil desde 2014 não vê o open banking afetando a situação de quem está negativado. “O que eu vejo é valor agregado com acesso às informações transacionais do consumidor, já que as instituições poderão consultar desde o extrato bancário à movimentação do cartão de crédito dele”, diz.
Cardozo afirma ainda que, com as informações adicionais sobre a capacidade de pagamento de cada cliente, os bancos poderão oferecer modalidades de crédito diferenciadas e adequadas para cada tipo de consumidor.
Open Banking: a Inadimplência no Brasil
Conforme levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) efetuado em agosto de 2021, a inadimplência atingiu novo recorde: até o oitavo mês do ano, 72,9% das famílias brasileiras possuíam alguma dívida. Desde 2010, quando a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) começou a ser realizada, esse foi o maior índice já registrado.
Até julho deste ano, cerca de 62,2 milhões de brasileiros estavam com o nome sujo, segundo dados da Serasa Experian. Esse número corresponde a cerca de 30% da população do País, estimada em 213 milhões em projeção recente feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o "Mapa da Inadimplência" formulado em julho pela Serasa, as mulheres são maioria (50,1%) entre os brasileiros inadimplentes e maioria (54%) entre aqueles que negociaram dívida.
35,5% dos inadimplentes têm entre 26 e 40 anos de idade e a 2ª maior proporção de inadimplentes (35,3%) têm entre 41 e 60 anos. Um total de 29% das dívidas são com bancos ou cartões de crédito; serviços básicos, como água, luz e gás, representam 23,59% do total das dívidas; a inadimplência no varejo corresponde a 13,09%.
São Paulo concentra 23,7% do total de inadimplentes (14,75 milhões); o Rio de Janeiro aparece no 2º lugar do ranking, com 6,09 milhões, ou 9,6% do total, seguido de Minas Gerais, que ocupa a 3ª posição, com 5,76 milhões de inadimplentes, ou 9,2% do total. BA (3,98 milhões ou 6,4%) e PR (3,24 milhões ou 5,2%) ocupam a 4ª e a 5ª posição do ranking;