Cesta básica de Fortaleza fecha 2020 com alta de 23,37%, com maior peso do óleo, arroz e farinha

No Brasil, os preços também subiram em todas as capitais pesquisadas

Os preços do conjunto de alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta, aumentaram 23,37% em Fortaleza no fechamento de 2020. O valor de R$ 534,96 da cesta básica compromete 55,4% do salário mínimo líquido, e o fortalezense que ganha este rendimento tem de trabalhar 112 horas e 37 minutos para poder adquirir os produtos.

Chamaram atenção, principalmente, as altas acumuladas no ano de 118,32% no preço do óleo, 88,29% do arroz e de 50,51% da farinha, superando as subidas registradas nas outras capitais pesquisadas do Nordeste (Aracaju, João Pessoa, Natal, Recife e Salvador). Porém, na capital cearense, houve elevação em todos os 13 produtos que compõem a cesta básica. Os dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (tomada especial devido à pandemia do coronavírus), realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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Os menores encarecimentos em Fortaleza ficaram por conta da banana (0,99%), manteiga (6,92%), café (8,7%) e pão (12,97%). O Dieese não mostrou dados da alta da batata, mas também ficaram mais caros: carne (21,02%), leite (27,81%), feijão (28,67%), açúcar (34,82%) e tomate (44,77%).

Brasil

No Brasil, os preços subiram em todas as capitais. As maiores altas foram registradas em Salvador (32,89%) e Aracaju (28,75%). Em Curitiba foi observada a menor elevação (17,76%). Entre novembro e dezembro de 2020, o custo da cesta foi maior em nove cidades e menor, em oito; com destaque para as elevações de João Pessoa (4,47%), Brasília (3,35%) e Belém (2,96%). As maiores diminuições foram registradas em Campo Grande (-2,14%) e Salvador (-1,85%).

Em São Paulo, capital onde foi realizada coleta presencial desde o início da pandemia, a cesta custou R$ 631,46, com alta de 0,36% na comparação com novembro. Em 2020, o preço do conjunto de alimentos subiu 24,67%.

Salário mínimo e tempo de trabalho

Com base na cesta mais cara que, em dezembro, foi a de São Paulo, o Dieese estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.304,90, o que corresponde a 5,08 vezes o mínimo vigente no fechamento de 2020, de R$ 1.045. O cálculo é feito levando-se em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta para o conjunto das capitais, considerando um trabalhador que recebe salário mínimo e trabalha 220 horas por mês, foi, em dezembro, de 115 horas e 08 minutos, maior do que em novembro, quando ficou em 114 horas e 38 minutos.

Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (alterado para 7,5% a partir de março de 2020, com a Reforma da Previdência), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro, na média, 56,57% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em novembro, o percentual foi de 56,33%.

Alta em todas as capitais

Em 2020, a maior parte dos produtos apresentou elevação de preços em todas as capitais, causada, principalmente, pela desvalorização cambial, pelo alto volume das exportações e por fatores climáticos, em decorrência de longos períodos de estiagem ou de chuvas intensas.

O preço médio da carne bovina de primeira registrou alta em todas as capitais, por diversos motivos: intenso ritmo de exportação, principalmente para a China; baixa disponibilidade de boi gordo no pasto; elevação nos preços de importantes insumos pecuários importados; e aumento no valor dos insumos de alimentação, como o milho e o farelo de soja.

O leite UHT e a manteiga tiveram aumento de preços em todas as cidades. Na maior parte do ano, foram verificados baixos estoques nacionais de leite no campo e custos elevados de produção, principalmente de insumos como soja e milho; além de problemas climáticos, como chuvas irregulares e secas extremas.

O arroz agulhinha também foi “vilão” em 2020 e a alta de preço passou a ser mais intensa após abril desse ano. Os motivos que se destacaram foram a desvalorização do real frente ao dólar, que aumentou o custo de produção e elevou o volume de grão exportado; a diminuição da área plantada nos últimos anos; e, o abandono da política de estoques reguladores por parte do governo.

A trajetória do preço médio do óleo de soja foi de alta ao longo de 2020; e, entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020, todas as capitais tiveram aumento nos preços. O Brasil exportou um elevado volume de soja e derivados, devido ao real desvalorizado em relação ao dólar e à forte demanda externa.

A batata, pesquisada no Centro-Sul, teve o valor aumentado em todas as cidades na comparação entre o preço de dezembro de 2019 e dezembro de 2020. O clima foi um fator com grande impacto nas altas de preço do tubérculo ao longo de 2020. Houve redução na oferta da batata, principalmente naquela de melhor qualidade.

O preço do quilo do açúcar aumentou em todas as cidades. Mesmo com maior produção de cana-de-açúcar, as exportações aquecidas limitaram a oferta interna. O preço médio da farinha de trigo e do pão francês aumentou em todas as capitais. Como o Brasil não produz a quantidade de trigo suficiente para o consumo interno, é necessária a importação. O real desvalorizado frente ao dólar encareceu muito o trigo e seus derivados.

O valor do tomate apresentou elevação em todas as capitais, na comparação de dezembro de 2019 e dezembro de 2020. Redução de área plantada e fatores climáticos foram os motivos que influenciaram na alta do fruto.

 

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