MEI: otimismo quanto ao retorno econômico inclui investimentos de baixo custo
Uso intenso de redes sociais está entre as mudanças do período. A 6ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios trouxe, pela primeira vez desde o início da pandemia, uma melhora no otimismo quanto ao retorno da normalidade econômica.
Mesmo com os percalços do novo coronavírus, o setor de Microempreendedorismo (MEI) teve melhorias. A 6ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae, mostrou, pela primeira vez desde o início da pandemia, uma melhora no otimismo quanto ao retorno à normalidade da economia. O momento de crise e novas medidas governamentais para alguns foi suficiente para reorganizar as finanças e investir no próprio negócio, inclusive, com valores bem baixos.
Realizada entre os dias 27 e 30 de julho, o levantamento afirma que 76% dos 6.506 empresários participantes afirmaram que os negócios voltaram a funcionar, na maioria dos casos, de forma diferente de como funcionavam antes da crise. No Ceará já são mais de 333,8 mil microempreendedores individuais e, a partir do dia 1º de setembro, os Meis de todo o País poderão solicitar a dispensa de atos públicos como alvarás de funcionamento e licenças para poder funcionar.
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Estudante de MBA na Faculdade CDL, Mayara Nogueira Lucena investiu na produção de artigos infantis como laços para cabelo. Fora do mercado de trabalho para cuidar da filha de 1 ano e oito meses, decidiu inicialmente produzir os itens para uso pessoal. Mas viu a oportunidade de expandir o negócio com a pandemia. "Estar dentro de casa por muito tempo foi um dos motivos. Eu sempre gosto de estar fazendo algo e isso me deu uma certa estabilidade", conta a empreendedora.
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Foi preciso R$ 200 iniciais para a compra de ferramentas. A loja foi inaugurada em junho e já vem dando retornos com mais do triplo investido, além de clientes demandando outros artigos como roupas e calçados infantis. A entrega do material acontece através do esposo, que também divulga as vendas entre amigos e no ambiente de trabalho.
O Instagram de Mayara é uma das vitrines virtuais do negócio com outras plataformas digitais, como o WhatsApp Bussiness. O uso dessas ferramentas foi uma das mudanças definitivas destacada pelo Sebrae. No setor de moda, por exemplo, a digitalização e o intenso uso de canais online é fortalecido com as experiências presenciais.
De acordo com a secretária Executiva da Diretoria do Sebrae Ceará, Alice Mesquita, o período em casa possibilitou a busca de informações sobre o empreendedorismo como uma alternativa de renda. "Todas essas pessoas precisam continuar se mantendo. E uma das formas que buscam é o empreendedorismo. Como tiveram tempo para a pesquisar, começam então a buscar novas informações".
Muitos dos MEI também já realizavam os serviços ofertados de maneira informal. Entre as áreas mais investidas estão a alimentação, setor que pode ser realizado majoritariamente em casa. "São pequenos negócios que não necessitam de reforma ou estrutura física do espaço. Os investimentos são em itens necessários para a produção", conta.
A tendência do locavorismo, prática de priorizar empreendimentos locais para compras, também foi importante para incentivar os MEIs e minimizar os efeitos da crise para os varejistas já no ramo. "São eles que empregam a maioria da mão de obra e ocupam essas pessoas que estão no bairro, fazendo com que esses negócios cresçam", reafirma Alice.
Dicas para empreender na pandemia
Alice orienta que independentemente do tamanho do recurso a ser investido, o MEI sempre deve pensar no negócio com credibilidade. Priorizando reorganização financeira e estudo através de cursos gratuitos, que possibilitam uma familiarização com mercado.
Entender o público a ser atendido se torna ainda mais preciso. "Como a pessoa tem pouco recurso financeiro, ela deve ter mais segurança do produto oferecido e do cliente a ser atendido", reforça. O Sebrae disponibilizou cursos gratuitos com recortes influenciados pelo novo coronavírus, podendo ser conferido pelo link. Marketing digital e cursos por WhatsApp estão entre os conteúdos oferecidos.
Com o despertar do uso de redes sociais e do meio digital para o comércio, é importante manter os perfis ativos com atualizações e preparados para atender às demandas. "É importante separar o perfil pessoal do perfil empresarial, cuidando do canal de relacionamento do cliente".
Mas não basta postar fotos maravilhosas do produto se ele não corresponde à realidade do que é ofertado, por exemplo. Definir um raio de alcance dos clientes - atender bairros perto de onde o MEI mora - e estabelecer prazos de entrega em contato direto com o mercado estão entre as possibilidades oferecidas nas plataformas.
"Ele deve entender o público para manter esse relacionamento e ter um laço estreito com o cliente", diz a secretária. A pesquisa do Sebrae ainda mostrou que o relacionamento com o cliente deve ser feito com segurança e de forma ágil. Eles estarão mais exigentes e serão atraídos por uma oferta cada vez mais personalizada. ''Se eu só tenho R$ 600, o meu planejamento tem que ser mais justo do que aqueles que tem R$ 6 mil".