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Em um ano, número de endividados em Fortaleza saltou 20 pontos percentuais e chega a 74,7%

Pela pandemia de Covid-19, os meses de abril e maio foram os que mais tiveram pessoas com dívidas

Entre maio de 2019 e maio de 2020, o número de pessoas endividadas em Fortaleza saiu de 54,7% para 74,7%, um salto de 20 pontos percentuais. É o que aponta a Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza realizada Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-Ce. Houve aumento também no número de pessoas com dívidas em atraso, consumidores inadimplentes e o comprometimento da renda familiar com essa despesa.

Os consumidores inadimplentes e com dívidas em atraso cresceu em relação aos meses anteriores e são os mais altos registrados em um ano, 14,6% e 27,1%, respectivamente. Entretanto, o número de maio de pessoas endividadas é menor que abril, quando o número atingiu a maior marca do ano, com 83,1% dos entrevistados.

Isso significa que as pessoas estão conseguindo voltar a pagar suas dívidas, mas aqueles que já tinham débitos maiores não conseguem encaixar os valores no orçamento e estão postergando o pagamento, como explica a diretora institucional da Fecomércio, Cláudia Brilhante. Ela ressalta que a pandemia tem tido impactos concretos no orçamento das famílias que tiveram alívio com o pagamento do auxílio emergencial e outras ações governamentais, como redução de impostos e outras ajudas.

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A diretora comenta ainda que os valores de março e, especialmente, abril, sofreram aumento porque houve uma corrida aos supermercados e às farmácias e, com a utilização cartão de crédito, as parcelas só aparecem nos meses seguintes.

Alimentação(48%), educação(15%), outros(15%), aluguel(13%) e tratamento de saúde(12,9%) foram as despesas que mais pesaram nas dívidas. A pesquisa aponta também que o cartão de crédito(81,9%), financiamento(22,3%) e outros (21,5%) são as formas e recursos mais usados nas compras a prazo.

Na prática, envidados são aqueles que possuem contas a serem pagas, que podem ou não ser quitadas naquele mês. Já contas em atraso são aquelas que já passaram do dia do pagamento, mas o consumidor tem, geralmente, como pagar em até 10 dias. Nessa faixa, o perfil é maior entre o sexo feminino, na faixa etária de 25 a 34 anos, com grau de escolaridade fundamental, e com renda menor que cinco salários mínimos. "As mulheres são, geralmente, as provedoras de casa, elas que saem para ir ao supermercado ou à farmácia e que compram roupas", afirma Cláudia.

Já inadimplentes são aqueles que vêm acumulando dívidas e perdem crédito. "Essa é a faixa preocupante para o mercado. O inadimplente não consegue pagar e acumula juros no cartão, esse consumidor não compra mais e o comerciante perde o consumidor", afirma Brilhante. Ela diz que, diferentemente das outras faixas envolvendo dívidas, quem mais tem tendência a ser inadimplente são homens, com mais de 35 anos, com renda de cinco a dez salários mínimos. Isso porque são a parcela que mais compra eletroeletrônicos e eletrodomésticos.

Aumento do comprometimento da renda

A pesquisa aponta que o valor da renda familiar destinado ao pagamento de dívidas aumentou. Agora, 40% dos ganhos são comprometidos para isso, quando o ideal é que fique abaixo dos 30%, variando entre 25% a 27%.

Para a diretora o dado é alarmante. Com mais pessoas desempregadas, segundo ela, está havendo um desequilíbrio no orçamento. Além disso, a pandemia tem gerado gastos extras e inesperados, com saúde, como clínicas particulares, exames e remédios por familiares infectados com Covid-19.

Como evitar ou se livrar

Para que o consumidor não caia nas dívidas e na bola de neve do cartão de crédito, a diretora afirma que o ideal é controlar o dinheiro e gastar em apenas aspectos essenciais, como alimentação. "As pessoas precisam separar a necessidade e o desejo. Deixa lá mais para frente, o que é só um desejo, eletrodomésticos e eletrônicos", afirma ela.

Quando as dívidas já existem, o conselho é imediatamente tentar uma renegociação, com parcelas pequenas que vão caber no bolso. "O Ceará tem o histórico dessa possibilidade. Só é importante lembrar de pensar em parcelas pequenas, porque não adiantar fazer o procedimento e não ter novamente como pagar", ressalta Cláudia Brilhante.

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