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Coronavírus: como poderá ser a economia após a pandemia

Em artigo enviado ao O POVO, o vice-presidente do Ibef Ceará, Luís Eduardo Barros, fala sobre a atual realidade e o que deverá vir após a pandemia do novo coronavírus
14:20 | Mai. 04, 2020
Autor O Povo
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Tipo Notícia

Já passamos de um mês de quarentena e as mortes continuam. O que nos anima é constatar que a mortalidade está em uma intensidade menor a cada dia. Portanto, é hora de começarmos a pensar objetivamente no pós-Covid-19. E, o primeiro passo é compreender que após o pico de mortalidade a crise tenderá a diminuir, mas não vai se acabar magicamente. Precisamos nos manter vigilantes para que não haja recaídas por velocidade demais no fim do isolamento.

Sou economista e me angustio com as perdas econômicas que estamos acumulando a cada dia. Mas, não podemos assumir riscos demasiados. Precisamos programar com extremo cuidado a retomada das atividades, ponderando os riscos sanitários e os benefícios econômicos de cada setor a liberar.

As indústrias e serviços pesados, geralmente fora do centro das cidades poderiam ser as primeiras atividades a liberar. Em um segundo momento, o comércio de rua e serviços – restaurantes incluídos - por exemplo, tem amplo impacto econômico e, não necessariamente geram aglomeração. Principalmente se todos usarem máscaras, buscarem distanciamento mínimo entre as pessoas e demais cuidados. Em seguida, teríamos os estabelecimentos de ensino e os shoppings e em última etapa os estádios, shows etc.

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União entre as iniciativas pública e privada

Mas, esse seria apenas o primeiro passo. E depois, como poderá ser? Precisamos entender que o público e o privado estarão umbilicalmente interligados. O setor privado precisará do setor público, principalmente para equacionar a necessidade de crédito para diluir no tempo os prejuízos acumulados. O setor público, por outro lado, além de ter que fazer um corte brutal nos seus gastos para ter capacidade de arcar com os gastos com a pandemia, necessitará da recuperação econômica do setor privado para ter o que arrecadar.

E isso tudo poderá aumentar ou diminuir dependendo da duração da crise e da forma de retomada das atividades. Em vista da gravidade da situação e da carência de decisões cirúrgicas, será importante que as autoridades possam se concentrar nessas decisões, sem desperdiçar tempo inestimável em disputas políticas que podem ser deixadas para depois.

Admitindo-se que isso aconteça, como poderá ser o pós-Covid 19? Reconheço que ninguém sabe a resposta, tantas são as variáveis que influenciarão o cenário. Quando olhamos para o passado, no entanto, constatamos que a humanidade enfrentou calamidades semelhantes e conseguiu sobreviver. O que precisamos entender com clareza é que o mundo não será o mesmo, sem dúvida. Mas também não será diferente demais.

Provavelmente, algumas atividades serão eliminadas e outras impulsionadas, dentre estas o home office, as vendas por internet, o cuidado com os menos favorecidos etc. Mas, não podemos deixar de admitir que os seres humanos necessitarão continuar comendo, dormindo, vestindo, indo de um lado para outro etc. O mais provável é que mudem as tecnologias e/ou os atores que atenderão essas necessidades, mas o básico permanecerá.

Luís Eduardo Barros, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE)

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