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Consumo domiciliar de arroz e feijão cai no Ceará enquanto o de ovos cresce, aponta Pesquisa de Orçamentos Familiares

De acordo com analista, a queda na aquisição desses dois produtos é bastante significativa e pode ter múltiplas causas
09:50 | Abr. 23, 2020
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Considerada uma dupla clássica na alimentação brasileira, o arroz com feijão teve uma redução considerável nas quantidades adquiridas no consumo domiciliar. É o que mostra uma análise histórica do módulo Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018, divulgada pelo IBGE. Em 15 anos, a quantidade média per capita anual de feijão caiu 52%, variando de 12,394 kg, na edição 2002/2003 da pesquisa, para 5,908 kg em 2017/2018. Já a quantidade de arroz caiu 37% nesse período, indo de 31,578 kg para 19,763 kg.

Para o analista da pesquisa, José Mauro de Freitas, a queda na aquisição desses dois produtos é bastante significativa e pode ter múltiplas causas, como o aumento da importância da alimentação fora de casa e as mudanças de hábitos alimentares. “Questões econômicas como a variação de preços e da renda também são importantes e devem ser consideradas”, analisa.

Embora a pesquisa aponte a queda na aquisição dos dois produtos, José Mauro chama atenção para a relevância que eles ainda têm na mesa dos brasileiros. “É importante também notar que tanto o arroz quanto o feijão ainda contribuem significativamente na composição das calorias disponíveis dos produtos in natura adquiridos pelas famílias brasileiras. Até mesmo quando consideramos as calorias totais. O arroz, por exemplo, contribui com 15,6% e o feijão com 4,3%”, explica.

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Assim como o feijão e o arroz, outros produtos também tiveram uma queda relevante. A farinha de mandioca (2,332 kg por pessoa/por ano), por exemplo, teve sua aquisição média per capita caindo em 70% entre a POF 2002/2003 e 2017/2018, enquanto a farinha de trigo caiu 56% no mesmo período. Esses foram os produtos que apresentaram o maior percentual de queda. Já o leite teve uma redução de 42%, indo de 44,405 kg para 25,808 kg.

Nesse mesmo período, os produtos que se destacaram no aumento de suas quantidades per capita média adquiridas foram os ovos (94%), os alimentos preparados e misturas industriais (56%) e as bebidas alcoólicas (19%). Para o pesquisador do IBGE, o aumento na aquisição dos ovos pode ser explicado por uma mudança de percepção da sociedade em relação ao alimento, que, de acordo com ele, não era considerado saudável na época em que a POF 2002/2003 foi feita.

“Se isso era científico ou não é uma outra discussão. O fato é que, de lá para cá, o ovo, pelo menos, publicamente, deixou de ser um alimento a ser evitado. Por uma outra perspectiva, os ovos são uma fonte comum de substituição de proteína animal quando os preços das carnes aumentam. Se é uma substituição econômica ou mudança de hábitos alimentares é difícil dizer. O que a pesquisa mostra, e esses são os dados, é que a aquisição de ovos aumentou significativamente”, afirma o pesquisador.

A partir dos dados levantados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 20172018, é possível traçar um comparativo com as POFs anteriores, relativo à Aquisição Alimentar no estado do Ceará

O Gráfico ilustra as diferenças de alguns grandes grupos, para o total Ceará, entre as POFs 2002-2003, 2008-2009 e 2017-2018. Segundo análise do IBGE, com exceção do grupo Aves e ovos, em todos os grupos selecionados houve queda das quantidades médias per capita adquiridas entre as edições 2008-2009 e 2017-2018
O Gráfico ilustra as diferenças de alguns grandes grupos, para o total Ceará, entre as POFs 2002-2003, 2008-2009 e 2017-2018. Segundo análise do IBGE, com exceção do grupo Aves e ovos, em todos os grupos selecionados houve queda das quantidades médias per capita adquiridas entre as edições 2008-2009 e 2017-2018 (Foto: Reprodução IBGE)

O Gráfico ilustra as diferenças de alguns grandes grupos, para o total Ceará, entre as POFs 2002-2003, 2008-2009 e 2017-2018. Segundo análise do IBGE, com exceção do grupo Aves e ovos, em todos os grupos selecionados houve queda das quantidades médias per capita adquiridas entre as edições 2008-2009 e 2017-2018.

Se comparadas as três edições da pesquisa, as quedas foram bem acentuadas para alguns grupos específicos. Os grupos Farinhas, féculas e massas (-54,1), Cereais e leguminosas (-47%), Açúcares, doces e produtos de confeitaria (-44%) e Laticínios (-29%) apresentaram as maiores quedas na média das aquisições entre as três pesquisas. O grupo Bebidas e infusões, grupo que tem a maior média per capita adquirida, teve aumento significativo (maior que o triplo), passando de 22,951 kg, em 2002-2003, para 104,569 kg em 2017-2018, como mostra o gráfico II, a seguir.

Região Sul supera média nacional em sete dos 17 grupos de alimentos

A região Sul apresentou médias acima da nacional e das outras regiões para sete dos 17 grupos, com destaque para laticínios (48,271 kg), frutas (31,931 kg), hortaliças (31,333 kg) e carnes (25,566 kg). O Centro-Oeste também se destacou na aquisição de carnes (24,503 kg) e superou as médias nacional e das outras regiões no grupo cereais e leguminosas (32,661 kg).

A aquisição do grupo pescado foi maior no Norte, com média de 9,855 kg, superando também a média nacional. Outros grupos que apresentaram as maiores médias na região Norte foram aves e ovos (19,907 kg), farinha, féculas e massas (17,889 kg) e cocos, castanhas e nozes (9,530 kg).

A região Sudeste se destacou nas médias das aquisições de laticínios (38,449 kg), hortaliças (25,011 kg), panificados (18,170 kg) e alimentos preparados e misturas industriais (5,118 kg), todas acima da média nacional. Já no Nordeste, os destaques são os grupos de bebidas e infusões (67,517 kg) e cereais e leguminosas (31,906 kg). No entanto, a região também apresentou a menor aquisição per capita do grupo carnes (18,664 kg), cerca de 10% menor que a média nacional (20,762 kg).

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