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Taxa de inovação das empresas recua 2,4% no triênio 2015-2017, revela pesquisa do IBGE

A Pintec 2017 estimou que, dentre 116.962 empresas com dez ou mais pessoas ocupadas, aproximadamente um terço delas foram inovadoras em produto ou processo
10:30 | Abr. 16, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

Taxa de inovação das empresas tem recuo de 2,4 pontos desde 2014, revela Pesquisa de Inovação (Pintec) de 2017, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 16. O levantamento, referente ao triênio iniciado em 2015, também aponta que os dispêndios em atividades inovativas das empresas inovadoras atingiram o montante de R$ 67,3 bilhões em 2017, representando 1,95% da receita líquida de vendas.

Segundo a estimativa da Pintec 2017, dentre 116.962 empresas com dez ou mais pessoas ocupadas, aproximadamente um terço delas foram inovadoras em produto ou processo, alcançando uma taxa geral de inovação de 33,6% no período 2015-2017. Esse número, no entanto, é inferior em 2,4% ao observado no último levantamento, que apontava taxa de 36% de inovação, entre 2012 e 2014.

Esse cenário repercutiu mais fortemente na Indústria, onde registrou-se 33,9% de empresas inovadoras, o menor patamar das três últimas edições, com queda de 2,5 pontos percentuais. Já os setores de Eletricidade e gás (32%) e Serviços (28,4%) mantiveram a tendência de queda apresentada a partir do triênio 2012-2014, com recuo de respectivamente 0,4 e 0,8 pontos percentuais.

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Taxa de inovação por tipo

Apesar da queda na taxa geral, os resultados foram positivos na proporção de empresas que inovaram em produto, com um aumento de 5,1% em relação aos períodos anteriores. Por outro lado, das que inovaram apenas em processo houve uma redução em torno de 2,7%, se comparada às edições anteriores, totalizando 14,8% das empresas. Enquanto as empresas que inovaram tanto em produto quanto em processo, tiveram diminuição de 0,9 pontos percentuais, com total de 13,7%.

As características quanto ao tipo de inovação dos produtos, no entanto, apontam que as empresas investiram mais no aprimoramento (50,6%) do que na aquisição, com uma diferença de 1,2%. Em relação aos processos, a diferença é mais significativa, com 63,1% optando pelo aprimoramento e 36,9% pela implementação.

No geral, segundo a Pintec, as empresas possuem um caráter de incrementar os produtos e processos já existentes. Dessa forma, poucas os desenvolvem para o mercado nacional ou internacional. Essa tendência é comprovada na pesquisa, onde a maioria (89,4) desenvolve processos para as próprias empresas, com apenas 1,1% para o mundo e 9,4% para o mercado nacional. Enquantos os produtos, chegam a ser desenvolvidos para as empresas em 77,3% delas, em 20% para o mercado nacional e em 2,7% para o mundo.

Despesas em atividades inovativas das empresas

Os dispêndios em atividades inovativas das empresas inovadoras atingiram o montante de R$ 67,3 bilhões em 2017, revela a pesquisa. O valor representa 1,95% da receita líquida de vendas do universo das empresas. Esses recursos alocados revelam o esforço empreendido pelas empresas para a inovação dos produtos e processos.

Foram gastos R$ 25,6 bilhões em atividades internas de P&D (0,74% da receita de vendas), R$ 21,2 bilhões na aquisição de máquinas e equipamentos (0,62% da receita de vendas) e R$ 7,0 bilhões na aquisição externa de P&D (0,20% da receita de vendas).

Na Indústria, o percentual da receita caiu pela terceira vez consecutiva. Em 2017, a categoria atingiu 1,65%. Apesar do indicador revelar queda tanto em atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) interno, quanto na aquisição de máquinas e equipamentos para inovar, esse último apresentou o menor patamar da série (de 1,11% para 0,51% entre 2011 e 2017), conforme destaca o levantamento.

A queda expressiva nos dispêndios em máquinas e equipamentos pode indicar relação com a diminuição nas taxas de inovação em processo. "Esse gasto, seja com propósito de modernização tecnológica, ou para viabilizar a produção de novos produtos, configura-se na modalidade mais comum de inovação de processo no Brasil", diz trecho da publicação. Os gastos em P&D, por outro lado, foram mais favorecidos, com aumento de 5.9% - fato considerado inédito na Pintec.

No setor de Eletricidade e Gás, houve um aumento nos gastos com atividades inovativas de 0,66%. Por outro lado, também foi observado a perda de participação dos dispêndios em aquisição externa de P&D sobre a receita, partindo de 0,83% em 2011 para 0,16% em 2017. Já o investimento em aquisição de máquinas teve um aumento de 0,23% desde 2014, alcançando 0,32% da receita líquida.

Em relação aos Serviços selecionados, foi observado uma queda na intensidade dos gastos nas atividades inovativas, se comparado com 2014. Em 2017, o percentual atingiu 5,79%, um recuo de 2,02 pontos percentuais. Quanto à aquisição de máquinas e equipamentos, após significativo crescimento entre 2011 e 2014 (de 1,38% para 3,50%), a intensidade dos gastos sobre a receita diminuiu para 1,80% em 2017. Em contrapartida, verificou-se crescimento contínuo nas atividades internas de P&D, entre 2011 e 2014, o percentual foi de 1,82% para 2,13%, subindo para 2,40% em 2017.

Problemas e obstáculos para inovar e razões para não inovar

Durante o triênio analisado pela Pintec, os riscos econômicos excessivos ganharam importância para as empresas inovadoras, se configurando como principal obstáculo para inovar, conforme 81,8% delas. Nas edições de 2011 e 2014, esse fator ocupou respectivamente a terceira e segunda colocação, em relação à importância dada pelas empresas.

Por outro lado, os elevados custos para inovar caíram da primeira posição no ranking de importância, observados na Pintec em 2011 e 2014, para a segunda colocação em 2017, sendo indicado como obstáculo por 79,7% das empresas inovadoras. A falta de pessoal qualificado foi apontada por 65,5% das empresas inovadoras, ocupando o terceiro obstáculo no ranking e ganhando espaço em relação à escassez de fontes apropriadas de financiamento (63,9%), que caiu para a quarta posição.

Para as empresas que não inovaram e não possuem projetos, as condições de mercado permanecem como principais entraves para a não realização da inovação, em comparação com o último triênio. A diferença entre o observado em 2015-2017 com o anterior, é de respectivamente 60,4% e 54,9%. Destacam-se ainda as inovações prévias, com perda de importância entre os triênios (de 20,3% para 16,7%). Por fim, outros fatores são apontados por 22,9% das empresas, com ligeira queda em relação a 2012-2014 (24,8%).

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