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Entregadores de comida por aplicativo compram seus próprios materiais de proteção contra a Covid-19

Dentre as medidas adotadas pelos profissionais: o uso de máscara, álcool em gel e a entrega sem contato com o cliente
17:51 | Abr. 03, 2020
Autor Bruno Balacó
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Bruno Balacó Jornalista de esportes
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Tipo Notícia

Em tempos em que todo cuidado é pouco para prevenir a proliferação do novo coronavírus, redobrar a atenção com a higiene se tornou uma questão de sobrevivência para as pessoas e também para as empresas. Que o digam os entregadores que trabalham por delivery, que têm que comprar seus próprios materiais de proteção, em um cenário de pandemia e em que as empresas estão investindo pesado para conquistar a clientela.

Dentre as medidas adotadas pelas empresas, a orientação para que os entregadores trabalhem de luva, com máscara e usem álcool em gel em todas as etapas do processo de repasse da encomenda. Além disso, as principais companhias que atuam em Fortaleza estão apostando na ‘Entrega sem contato’, em que o entregador não tem contato físico com o cliente final. Essa modalidade de venda vem ganhando força, segundo O POVO Online apurou com motoqueiros que realizam entregas por meio de aplicativos na capital cearense.

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“Dos pedidos que eu atendo, em 70% não tenho contato direto com o cliente. Principalmente nos condomínios, onde a orientação na maioria é deixar a entrega na portaria, sem entrar no prédio. Nos casos em que ainda a gente tem contato com cliente, é rapidinho. A pessoa chega, geralmente paga com a máquina de cartão e a gente sai”, conta Luís Rodrigues, que presta serviço ao aplicativo Ifood há mais de um ano.

O entregador explica que trabalha com a própria moto e carrega sempre na mochila de entregas um pote de álcool em gel. “A gente precisa estar preparado, porque em alguns casos é o cliente que pergunta se tem álcool em gel. Daí a gente oferece. Isso passa mais segurança”, reforça Luís, que reveza jornadas de trabalho pela manhã e à noite. “A gente entrega de tudo. De almoço a pizza”, resume.

Quem também não abre mão de todos os equipamentos de proteção individual é o entregador Francisco Kelvin, de 29 anos. Além das luvas e da máscara, ele faz questão de circular pela cidade com uma touca cirúrgica. “A regra é passar sempre álcool em gel e manter sempre uma distância de pelo menos um metro do cliente no momento da entrega. Tudo que a gente puder fazer para não gerar risco para o cliente, melhor pra gente”, diz o motoqueiro, também veterano no serviço de delivery em Fortaleza.

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Apesar do reforço nas medidas de prevenção, os entregadores acreditam que as pessoas ainda estão um pouco temerosas com esse tipo de serviço. Com isso, a demanda por entregas tem caído bastante nas últimas duas semanas, período em que foi reforçada a política de isolamento social como estratégia de combate ao coronavírus. “As empresas estão recrutando mais motoqueiros, achando que ia ter mais demanda agora, mas tá acontecendo o contrário. Tem dias que ligo o aplicativo de entrega 10h e só depois das 12h consigo fazer a primeira entrega”, relata Rômulo Lopes, 22 anos, que tem dedicado boa parte do seu dia a fazer entregas, já que a empresa onde ele trabalha formalmente deu férias coletivas a todos os funcionários.

Procuradas pelo O POVO Online, o Ifood, o Uber Eats e a Rappi, que trabalham com serviço de delivery em Fortaleza, informaram que, além de orientações sobre medidas de prevenção e distribuição de álcool em gel, criaram fundos solidários para dar suporte aos prestadores de serviço que integram o quadro de risco ou precisam se afastar do trabalho para o período de quarentena. Já a James Delivery destacou que trabalha com um mecanismo de incentivo aos entregadores: o programa ‘gorjeta em dobro’, que estimula que o cliente dê gorjeta para o entregador do seu pedido. Quando isso ocorre, a empresa paga o mesmo valor da gratificação ao colaborador.


SAIBA MAIS
Veja as medidas de prevenção ao coronavírus adotadas pelas empresas de delivery de comida em Fortaleza:

- Ifood
A empresa informou que está realizando comunicações educacionais e outras iniciativas para entregadores, restaurantes, colaboradores e consumidores. Entre elas estão fundos solidários (com investimentos de R$ 2 milhões, para dar suporte a entregadores que integram o quadro de risco e que necessitem ficar em período de quarentena), plano de serviços de saúde, distribuição de álcool em gel e de material informativo reforçando boas práticas e medidas preventivas. Segundo a empresa, os kits de álcool em gel e material informativo estão sendo entregues por meio de vans itinerantes em diversos pontos das cidades. No caso, o entregador recebe um chamado para ir até a van como se fosse coletar um pedido.

Outra iniciativa foi a recém criada "Entrega sem Contato". Com essa solução, o entregador será avisado quando chegar no local de entrega e, junto ao complemento do endereço, verá todos os direcionamentos necessários para concluir a entrega sem contato físico com o cliente final. O chat entre entregadores e consumidores, já disponível anteriormente, pode ser utilizado ainda como ferramenta para combinar detalhes das entregas, passando a permitir o envio de fotos para facilitar a comunicação.

- Uber eats
Para ajudar a proteger entregadores parceiros, a Uber também enviou mensagens aos usuários do Uber Eats para a entrega de pedidos sem contato direto – o usuário pode deixar uma instrução no app para pedir ao entregador que deixe o pedido na porta. Além disso, reforçou algumas medidas junto aos usuários e motoristas, visando o bem-estar de todos os que utilizam a plataforma para se deslocar: lembretes para lavar as mãos, abrir as janelas do carro e sentar no banco de trás estão entre as mensagens.

A empresa também informou que todo entregador parceiro que for diagnosticado com a Covid-19, ou tiver quarentena individual solicitada por uma autoridade de saúde ou por um médico pelo risco de disseminar a Covid-19, receba assistência financeira por até 14 dias, enquanto estiver impossibilitado de usar a plataforma. O valor da assistência financeira vai ser baseado na média diária de ganhos do parceiro nos seis meses anteriores a 6 de março: caso ele esteja usando o app há menos tempo, a média vai ser baseada nos ganhos desde a primeira viagem ou entrega até o dia 6 de março de 2020.

- Rappi
A empresa informou que habilitou uma opção de entrega em domicílio sem contato físico. Para acioná-la, basta que o cliente indique dentro do app ou via chat, para que o entregador parceiro deixe seus pedidos na porta e se afaste dois metros, evitando assim, a proximidade. Além disso, a empresa tem estimulado o pagamento via aplicativo, para evitar ainda mais o contato e a manipulação de dinheiro em espécie (pois já não operamos com máquinas de cartão de crédito e débito). A Rappi também criou um fundo para proteger a comunidade de entregadores parceiros e disponibiliza no aplicativo do entregador um botão específico para que eles notifiquem a Rappi caso tenham sintomas e/ou testem positivo para o novo coronavírus. Caso isso aconteça, será concedido a eles um apoio financeiro nos 14 dias em que precisarão ficar afastados. Além disso, a medida importou centenas de milhares de géis e máscaras antibacterianas e está realizando uma forte campanha de educação, autocuidado e prevenção, reforçando todas as medidas que devem ser tomadas – por entregadores parceiros, usuários ou estabelecimentos.

- James Delivery
A empresa afirma estar fazendo campanha de conscientização aos seus entregadores autônomos que também prestam serviço ao aplicativo quanto à higienização dos equipamentos de trabalho e das mãos. Informou também que todos os entregadores foram orientados e receberam material informativo com as principais dicas de prevenção. O James informou que distribuiu mais de 50 mil sachês de álcool em gel para entregadores e shoppers. A empresa criou, ainda, um mecanismo de gorjeta em dobro, com o qual vai estimular que o cliente dê gorjeta para o entregador do seu pedido, e o James também vai pagar o mesmo valor para esse parceiro.

 

 

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