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Negros recebem quase metade do salário de brancos no Ceará

| IBGE | A região Nordeste, porém, possui realidades distintas entre os estados. Sergipe apresenta a menor desigualdade salarial do País entre as duas raças, com 15% de diferença entre os rendimentos
14:55 | Out. 16, 2019
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O Ceará é o quinto estado do Brasil com maior desigualdade de rendimento salarial médio entre brancos e pretos, de acordo com dados de 2018 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A disparidade corresponde a quase o dobro entre os valores médios: R$ 2.111 e R$ 1.165, respectivamente.

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Para Zelma Madeira, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e titular da Coordenadoria de Políticas Públicas de Igualdade Racial do Estado do Ceará (Ceppir), esses números são resultado de uma construção histórica.

“Quando nós (os negros) saímos da escravidão, nós não saímos como classe trabalhadora e laboriosa, mas como classe perigosa. O imaginário popular de que nós não desempenhamos um bom trabalho é algo que contribui para o aumento dos índices de desemprego e desigualdade salarial”, ressalta.

Na região Nordeste, a desigualdade econômica enfrenta realidades distintas. Enquanto o Piauí tem registro próximo ao caso cearense, com diferença de quase o dobro, o Sergipe é o estado brasileiro com menor contraste entre salários de brancos e negros: R$ 311, número equivalente a 15%.

Zelma pondera que saídas para o combate dessa desigualdade estão na promoção de políticas afirmativas, tanto no setor público como privado. Ela explica que é necessário estabelecer uma “discriminação positiva” para que os negros passem a ocupar espaços em universidades, concursos públicos e empresas privadas. “Isso não vai trazer nenhuma desqualificação ou prejuízo para as instituições e é fundamental para uma maior justiça social”, argumenta.

A Lei Federal nº 12.990/2014, por exemplo, é uma iniciativa nesse sentido. Diferente de cotas para vagas em universidades, que também levam em conta a classe econômica dos candidatos, essa lei reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito de instituições controladas pela União.

“No Ceará, nós convivemos com uma narrativa de que não há negros no Estado. Nós somos os ausentes, somos invisíveis. Temos que relembrar o passado para entender o presente e projetar o futuro. Podemos entender o que acontece agora somente se voltarmos atrás na história e vermos como os negros foram tratados na sociedade civil moderna”, observa Zelma.

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