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Para IBGE, queda de 5,9% na indústria foi potencializada por efeito calendário

O setor industrial mostra menos dinamismo em relação ao ano passado, mas o recuo de 5,9% registrado pela produção em junho de 2019 na comparação com o mesmo mês do ano passado foi potencializado pelo efeito calendário, ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mês de junho de 2019 teve dois dias úteis a menos que junho de 2018.
"Isso ajuda no entendimento da magnitude da taxa e no perfil mais disseminado de quedas entre as atividades. Eliminando o efeito calendário, ainda assim teria resultado negativo. Não de 5,9%, mas ainda uma queda importante, de 4,3%. O efeito calendário vai potencializar essa queda", disse Macedo.
Na comparação com junho de 2018, a produção encolheu em 20 dos 26 ramos pesquisados. A principal influência negativa partiu do tombo de 16,3% ocorrido nas indústrias extrativas.
Outras perdas relevantes ocorreram em produtos alimentícios (-5,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,4%), celulose, papel e produtos de papel (-6,1%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-16,0%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-12,5%), bebidas (-5,6%), produtos de minerais não metálicos (-5,6%), produtos de borracha e de material plástico (-5,4%), outros equipamentos de transporte (-11,7%), couro, artigos para viagem e calçados (-6,8%) e móveis (-8,6%).
Na direção oposta, entre as seis atividades com crescimento na produção estão produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,9%), impressão e reprodução de gravações (11,2%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,2%).
Difusão
O índice de difusão, que mostra a proporção de produtos com crescimento na produção, encolheu de 68,1% em maio para 37,8% em junho. "Das seis informações disponíveis em 2019, em quatro meses ficou abaixo de 50%", apontou Macedo.
Queda das extrativas
O mau desempenho das indústrias extrativas no primeiro semestre deste ano contaminaram o resultado global da indústria brasileira no período, confirmou André Macedo.
A indústria extrativa registrou um tombo de 13,7% no primeiro semestre de 2019 em relação ao primeiro semestre de 2018, em decorrência das consequências do rompimento de uma barragem da mineradora Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro deste ano.
"Não é só efeito daquela unidade produtiva, são efeitos sobre outras unidades, seja por mudança na legislação, seja por medidas de segurança", explicou Macedo.
A indústria de transformação cresceu 0,2% no primeiro semestre de 2019 em relação ao primeiro semestre de 2018. Na média global, a indústria recuou 1,6%. Sem as extrativas, a produção industrial brasileira poderia ter escapado do azul, mas ainda estaria estagnada, observou Macedo.
"Ainda assim a transformação não anda. Claro que venho para o campo negativo em função do setor extrativo", contou Macedo. "O acidente de Brumadinho é uma das principais explicações para a queda no setor extrativo no primeiro semestre. O setor extrativo, em função da intensidade de perda que teve em decorrência de Brumadinho, carrega para o resultado do setor industrial essas perdas", completou.
Em junho deste ano ante junho do ano passado, a indústria de transformação caiu 4,4%, enquanto as extrativas tiveram retração de 16,3%.
Para Macedo, a indústria de transformação "está longe de apresentar qualquer tipo de trajetória de recuperação", umas vez que os fatores conjunturais que vinham explicando a perda de dinamismo da produção desde o ano passado permanecem contribuindo negativamente.
Entre os entraves à recuperação da indústria, o pesquisador menciona as condições ainda precárias do mercado de trabalho; os níveis de confiança de empresários e das famílias ainda em patamares baixos; as perdas das exportações brasileiras decorrentes da crise na Argentina; e o aumento nos níveis de estoques em alguns setores industriais.
Já o setor extrativo registrou melhora recente ao menos na série com ajuste sazonal. Após quatro meses de perdas, quando acumulou retração de 25,6%, a indústria extrativa cresceu 11,0% nos dois meses seguintes. O avanço em junho ante maio foi de 1,4%.
"Com dois meses positivos na margem, o passado de perdas mais intensas ficou para trás. Mas está longe de recuperar perda de 25,6% nos quatro meses anteriores", ponderou Macedo.

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