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Aumenta o desemprego entre negros e pardos

19:25 | Fev. 22, 2019
Autor Agência Estado
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Tipo Notícia
A crise no mercado de trabalho afetou mais os brasileiros que se autodeclaram pretos e pardos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O contingente dos desocupados no Brasil no primeiro trimestre de 2012, quando começa a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), era de 7,6 milhões de pessoas. À época, os pardos representavam 48,9% da população desempregada, seguidos por brancos (40,2%) e pretos (10,2%).
No quarto trimestre de 2018, esse contingente de desocupados totalizava 12,2 milhões de pessoas. A participação dos pardos subiu para 51,7%, e a dos pretos aumentou para 12,9%, enquanto a dos brancos encolheu para 34,6%.
"Na crise, o desemprego subiu para todo mundo, mas subiu mais entre os pretos e pardos. Foi uma crise que afetou canteiro de obra, que afetou chão de fábrica. E a população mais presente nesse tipo de ocupação é a população preta ou parda. A crise pegou muita gente de baixa renda, que reside na camada da população menos abastada", explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Juntos, pretos e pardos representavam 64,6% dos desempregados no quarto trimestre de 2018. A taxa de desocupação dos que se declararam brancos foi de 9,2%, abaixo da registrada pelos pretos (14,5%) e pardos (13,3%). Na média nacional, a taxa de desemprego foi de 11,6%.
"O primeiro fator é geográfico, os Estados do Norte e Nordeste foram mais atingidos pela crise, e é sabido que um maior porcentual da população é de negros ou pardos. Outro fator é que em grandes crises você pune mais quem é menos qualificado, tanto por nível de escolaridade quanto pela qualidade. E se prevê também que em períodos de crise aumenta a discriminação racial. É uma previsão teórica bastante conhecida, não sei se testada no Brasil, mas pode sim ser um dos fatores que explicam isso", enumerou Daniel Duque, pesquisador do mercado de trabalho no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
No quarto trimestre de 2018, os pardos representavam 47,4% da população fora da força de trabalho, seguidos pelos brancos (42,5%) e pelos pretos (9,0%). Parte dessa população inativa está em situação de desalento, fenômeno que ocorre quando alguém deixa de procurar emprego por achar que não conseguirá uma vaga, por exemplo.
Desalento recorde. O Brasil registrou um recorde de 4,736 milhões de pessoas em situação de desalento em 2018, 13,4% a mais que em 2017. Mais de 60% delas estavam na Região Nordeste, 2,867 milhões dos desalentados. Os Estados com maiores contingentes de pessoas em situação de desalento foram a Bahia, 820 mil pessoas nessa situação, e Maranhão, 492 mil.
Mais pessoas migram para a inatividade, diante da dificuldade de conquistar uma vaga.
No quarto trimestre de 2018, o País tinha 3,123 milhões de pessoas em busca de emprego havia dois anos ou mais. "Um quarto da população desocupada está procurando trabalho há mais de dois anos", alertou Cimar Azeredo.
Em relação ao quarto trimestre de 2017, aumentou em 12,1% o contingente de desempregados havia pelo menos dois anos. Outro 1,881 milhão de trabalhadores procurava emprego há mais de um ano, mas menos de dois anos.
"Quanto mais tempo você fica fora do mercado de trabalho, mais difícil de encontrar trabalho", lembrou Daniel Duque. "Tem perda do capital humano, menos atraente você é para as empresas", explicou.

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