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Economia deveria ser ainda maior, diz Arminio

20:42 | Fev. 20, 2019
Autor Agência Estado
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Embora destaque como positivo o fato de a economia prevista para os cofres públicos com a reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro ter vindo acima do que vinha sendo "sinalizado", o ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga ressaltou que não há espaço para reduzir o impacto fiscal das mudanças.
"Qualquer coisa que caia abaixo do que foi apresentado já me deixaria bem preocupado. Como eu acho que o necessário seria mais do que o que foi proposto, acho que ideal seria subir (a economia)", afirmou Fraga a jornalistas, após proferir uma aula magna no curso de relações internacionais do FGV Educação Executiva, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio. "Agora, é preciso ver os detalhes, como essa reforma vai sair do Congresso", afirmou.
Para ele, estamos vendo como a reforma "está entrando" no Congresso, mas é preciso "ver como vai sair". "Minha torcida é que essa reforma saia até mais forte do que entrou, mas isso é um certo sonho", disse.
Para Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria Integrada, a introdução do regime de capitalização é uma vantagem da proposta apresentada nesta quarta-feira, quando comparada a do último governo.
"Eu acho que esta proposta saiu melhor do que era a do presidente Temer, que já era boa. Tem vantagens como, por exemplo, a introdução do regime de capitalização, que na primeira ideia que [o ministro da Economia] Paulo Guedes divulgou seria semelhante à do Chile. E isso seria um desastre no Brasil", disse o ex-ministro.
A co-diretora de rating soberano para as Américas da Fitch Ratings, Shelly Shetty, apontou que é "ambiciosa" a reforma da Previdência e implica vários aspectos, como "o aumento da progressividade dos benefícios, estabelece idades mínimas para aposentadorias de homens e mulheres, harmoniza benefícios por diferentes regimes de pensões e aperta o critério de elegibilidade para assistência social." Para Shelly Shetty, é também "um objetivo ambicioso" a esperada poupança de R$ 1,1 trilhão para o Tesouro em uma década pelo governo com a reforma da Previdência.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, avaliou a proposta da reforma da Previdência como uma iniciativa importante para buscar maior justiça e garantir um efeito fiscal positivo significativo nas contas dos governos federal, estaduais e municipais. As medidas, conforme ele, têm "grande abrangência" e respeitam os direitos adquiridos.
Segundo a economista Vilma Pinto, especializada em contas públicas e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), a adoção de alíquotas progressivas na contribuição para a Previdência, prevista na proposta, pode aumentar a "pejotização" no mercado de trabalho. "O efeito dessa medida vai depender de como isso vai afetar a dinâmica do mercado de trabalho, porque as pessoas com salários maiores podem virar PJ. Não sei se isso está considerado pelo governo", afirmou a economista. (ALINE BRONZATI, VINICIUS NEDER, RICARDO LEOPOLDO, FRANCISCO CARLOS DE ASSIS e ANDRÉ ÍTALO ROCHA)

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