Vendas crescem 2,3% no varejo em 2018 na comparação com 2017

Apesar da frustração com o ritmo de recuperação da atividade econômica em 2018, o comércio varejista teve um crescimento ligeiramente maior do que no ano anterior. As vendas subiram 2,3%, o melhor desempenho em cinco anos, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quarta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e de material de construção, as vendas aumentaram 5,0%.
A alta de 15,1% nas vendas de veículos em 2018 foi a mais expressiva em 11 anos. O bom desempenho foi puxado por uma melhora nas condições de financiamento, avanço no poder de compra do mercado interno e o fim, em janeiro de 2018, da alíquota adicional de 30 pontos porcentuais de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrada sobre os carros importados, enumerou Isabella Nunes, gerente da pesquisa na Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
A despeito do resultado favorável de veículos, as atividades que mostraram recuperação mais significativa em 2018 foram as relacionadas a necessidades básicas, como supermercados (com 3,8% de alta nas vendas em 2018) e artigos farmacêuticos (avanço de 5,9%).
"O mercado de trabalho tem evoluído de forma precária, mas a cada mês a taxa de desocupação mostra um número maior de pessoas entrando (na ocupação). O impacto desse aumento no total de pessoas ocupadas vai basicamente para as atividades básicas, vai para alimentação, remédios, reposição de itens em casa", enumerou Isabella Nunes.
Apesar do desempenho positivo no encerramento do ano, as vendas recuaram 2,2% em dezembro ante novembro de 2018, uma queda ainda mais expressiva do que as previsões mais pessimistas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast. Com a antecipação de compras em novembro motivada pelas promoções da Black Friday, o varejo viu o volume vendido ter o pior desempenho para o período em toda a série histórica da pesquisa, iniciada pelo IBGE em 2001.
A forte queda preocupa, principalmente porque houve desaceleração do crescimento nas vendas acumuladas em 12 meses, alertou o economista Yan Cattani, da consultoria Pezco Economics.
"Realmente preocupa. Esse crescimento em desaceleração acompanha os dados de renda. Não estamos vendo nenhuma criação de postos de trabalho expressiva. Por conta disso, as pessoas acabam segurando as tradicionais compras de fim de ano", disse Cattani.
Desde que atingiu o patamar de vendas mais alto da série, em agosto de 2012, as vendas do varejo ampliado recuaram R$ 29,5 bilhões até o ponto mais baixo, alcançado em agosto de 2016. Desde então, o comércio conseguiu recuperar apenas R$ 13,1 bilhões, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a preços de 2018.
A Tendências Consultoria Integrada estima que as vendas do varejo avancem 2,6% em 2019. Para o varejo ampliado, a alta esperada é de 3,0%.
"Este ano está muito ligado com as incertezas das reformas. Ainda há cautela neste ano, não deve ser um ano de grande crescimento", justificou a analista Isabela Tavares, da Tendências.

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