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Ceará tem a sexta pior renda domiciliar por pessoa no Brasil em 2018, diz pesquisa do IBGE

Os dados são do IBGE, calculados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e enviados ao Tribunal de Contas da União (TCU)
00:05 | Fev. 28, 2019
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O Ceará teve a sexta pior renda per capita no Brasil no ano passado, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira, 27. Mesmo assim, de 2017 (R$ 824) para 2018 (R$ 855) houve um aumento (3,76%) no valor por pessoa do Estado. Mas na comparação com os números nacionais, o resultado é R$ 518 menor que a média do Brasil (R$ 1.373).

Os dados do IBGE são calculados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e enviados ao Tribunal de Contas da União (TCU). Esta divulgação atende ao disposto na Lei Complementar 143/2013, que estabelece os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE).

Conforme os resultados, as regiões mais pobres do País estão concentradas em estados do Norte e Nordeste. Dos estados com renda domiciliar per capita inferior ao do Ceará estão Maranhão (R$ 605), Alagoas (R$ 714), Pará (R$ 863), Piauí (R$ 817) e Acre (R$ 909). Já as unidades da federação onde a renda por pessoa é maior ficam nas Sul e Sudeste. O Distrito Federal (R$ 2.460) obteve primeiro lugar no ranking, seguido de São Paulo (R$ 1.898) e Rio Grande do Sul (R$ 1.705).

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O economista Alcântara Macedo avalia que os números da desigualdade ainda são presentes, apesar de os resultados terem sidos maiores que anos anteriores. "O crescimento é diferente do desenvolvimento. Pode ter um crescimento e isso não trazer uma melhoria geral para todos (desenvolvimento). Essa relação no Ceará está muito distante".

Depois da Bahia e de Pernambuco, o Ceará é a terceira maior economia do Nordeste. “Era de se esperar que a renda per capita não fosse baixa porque existe um PIB significativo. No Ceará, a distribuição de renda é mal feita. Existe um grande grupo de pessoas que ganha pouco e um pequeno número que ganha muito. Isso fica como consequência a péssima distribuição de renda”.

“A taxa de subdesenvolvimento é maior que o subdesenvolvimento do que o resto do país, o que é um dado preocupante. Temos que ter políticas de compensação tanto espacial [para região metropolitana e do interior do Ceará] como pessoal [diferença entre grupo de pessoas que ganham pouco e muito]”, finaliza.

A professora do curso de Finanças e Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), em Sobral, Alessandra Araújo, acredita que o número de beneficiários de pensões e aposentadorias refletem no rendimento da média brasileira. No Ceará, a qualidade do trabalho é um aspecto que pesa sobre a desigualdade estadual ante o País.

“A renda do trabalho é um reflexo da produtividade da pessoa. Isso é uma questão de qualificação da mão de obra cearense em relação aos outros estados, como São Paulo e Minas Gerais”, avalia. Ela destaca que o setor da construção civil, que passa por um momento de crise, é o que mais demanda a mão de obra e pode ter impactado a renda do trabalhador cearense.

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