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Conheça as cinco profissões mais promissoras para este ano

O POVO Online conversou com especialistas e profissionais para entender como está o mercado para essas funções no Estado
11:54 | Jan. 15, 2019
Autor Leonardo Maia
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Leonardo Maia Estagiário
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Tipo Notícia
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Ouvir que o mercado de trabalho é algo dinâmico é recorrente, novas vagas são criadas e cortadas diariamente. Mas você já parou para pensar nas cinco carreiras que devem ter maior crescimento neste ano? Para começar, nem todas estão ligadas à tecnologia. Segundo a previsão da Leiza Oliveira, especialista em carreiras e CEO da escola de idiomas Minds, o mercado deve dar mais espaço para os seguintes profissionais: dubladores, youtubers, cuidadores de idosos, instrutores de turismo de aventura e engenheiros de transportes limpos.

Para a análise foi levado em conta, principalmente, os rumos que os microempreendedores individuais (MEI’s) estão tomando. Ver os tipos de negócios que estão tendo sucesso nesse setor da economia pode indicar tendências para o mercado como um todo. Além disso, foi realizada uma análise mais ampla do mercado em 2018.

Em relação ao Ceará, Mardônio Costa, analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), considera que este ano o Estado deve ter um maior destaque, entre outros setores, na produção de energias renováveis, como a solar e a eólica, e no turismo.

Mardônio afirma que a substituição das fontes de energia tradicionais por métodos com menos impacto ao meio ambiente ainda é algo inicial, mas é “um caminho irreversível” e deve ser uma tendência nos próximos anos. 

No setor turístico, o analista considerou que as mudanças feitas pela Secretaria de Turismo do Ceará em 2018, como a criação de novos aeroportos no Estado, devem impactar de forma positiva esse setor da economia.

As profissões
 
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Com o crescimento de empresas de streaming, como a Netflix e a Amazon Prime, e da produção de conteúdo audiovisual em geral, a demanda para dubladores só cresce. Segundo pesquisa feita pelo Netflix em 2017, 84% do público brasileiro que assistiu a série “13 porquês” preferiu a versão dublada. Já em relação a “House of Cards”, outra série original da empresa, esse número caiu para 50%.

Ainda não existe uma formação universitária para exercer o cargo de dublador. A capacitação feita acontece por meio de cursos, de dois a quatro meses. A Sociedade Brasileira de Dublagem oferece treinamentos online para formação de novos profissionais.
 
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Os youtubers também começam a ganhar mais espaço nos últimos anos. 95% da população brasileira online brasileira acessa o site, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo relatório do YouTube em 2017, 

Saindo de um amadorismo que marcou o início da plataforma, muitos canais investem em uma profissionalização, tanto em uso de um equipamento profissional como em formação teórica. Várias universidades ofertam o curso de Rádio e TV e há também muitas opções de cursos, como de edição de vídeo e de criação de cenários.
 
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Um em cada quatro brasileiros (25%) será idoso em 2060, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada em 2018.  Com esse dado, a perspectiva é de que serão cada vez mais demandados profissionais que acompanham o dia a dia dessa faixa etária. E isso não se restringe a cuidados apenas com a saúde física, mas a atenção com a saúde mental e o convívio social são fundamentais.

Para atuar como cuidador, o profissional não precisa ser necessariamente formado em enfermagem. A passagem por um curso da saúde, no geral, ajuda muito no desempenho dessa atividade. O exercício da função deve ser feito mediante a um curso da área reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). É possível atuar tanto de forma independente como em clínicas especializadas.
 
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O turismo feito para esportes e aventura também tem crescido. Essa é uma chance para engenheiros que constroem o equipamento para esse tipo de prática, os turismólogos que atuam nesse nicho e as redes de hotéis que ficam próximas às áreas que contam com essa atração.

Em um estudo divulgado em 2016 no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, o Brasil ficou em primeiro lugar como o País ideal para prática de aventura. Os principais fatores que contribuíram para a eleição foram o clima ameno e a natureza existente no Brasil. A revista Viagem, da editora Abril, fez uma lista de 50 destinos brasileiros para fazer esse tipo de turismo. Na lista o Ceará está representado com a praia de Jericoacoara.
 
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A preocupação com o meio ambiente e a redução dos poluentes é uma ideia que também vem crescendo em relação à mobilidade urbana nas grandes capitais. Ônibus e carros elétricos são cada vez mais frequentes, assim como o incentivo a uso de transportes não motorizados, como a bicicleta e o patinete.

Apesar de enfrentar grandes corporações, como as petrolíferas, várias cidades brasileiras começam a criar medidas com a estratégia de reduzir os danos ambientais. É o caso de Fortaleza, que criou um plano que deve redesenhar o sistema de transporte da Capital, aumentando a eficiência do transporte público e incentivando o uso de modais não-motorizados.

Mercado em Fortaleza

As empresas especializadas em cuidados com idosos têm passado por um aumento de demanda nos últimos dois anos. Leonardo Cavalcante, sócio-diretor da empresa Home Angels, afirma que as oportunidades de mercado têm crescido de forma “discreta” em relação a região sul do País, mas a cidade também tem tido um aumento da demanda. 

Leonardo fala que a procura acontece principalmente em acompanhamento pós-operatório e por familiares que têm cada vez menos tempo para cuidar dos idosos. “Mesmo assim a família quer garantir uma boa qualidade de vida para eles.”

Além de empresas que prestam esses serviços, a plataforma “Ache um cuidador” funciona como um meio em que se pode encontrar profissionais autônomos. O site está disponível em Fortaleza e também pode ser acessado por meio de aplicativo para Android ou iOS.
 
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Para o escritor e crítico Rodrigo Passolargo a entrada no YouTube foi uma consequência. Envolvido no meio de cultura pop da cidade, foi convidado para compor o quadro de integrantes do canal Cosmonerd. Ele diz que a entrada na plataforma foi um meio que ele conseguiu de chegar a novas histórias. “Foi uma oportunidade de abraçar uma fatia que não me conhecia na cidade e aprender muito com a equipe e o público que assiste.”

No contexto cearense, Rodrigo fala que um ponto positivo é a parceria que se consegue estabelecer com as empresas que pertencem ao mesmo nicho do canal, como a Reboot Comics. O escritor também afirma que a Capital compreende cada vez mais que não é “obrigada a recorrer ao eixo sul” para produzir e consumir conteúdo.
 
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O dublador Rildon Oliver fala que a dublagem está muito ligada à atuação como ator, seja no cinema ou no teatro. Com formação no Curso Princípios Básicos de Teatro, do Theatro José de Alencar, ele fala da necessidade do ator sempre “brincar com a voz” em seu trabalho. Isso acabou repercutindo em sua entrada para o mercado de dublagem, que aconteceu com a criação de uma animação para promover a imagem de uma empresa.

No Ceará, Rildon afirma que a principal demanda ainda é para a dublagem de VT’s para televisão e de spots para rádio. O dublador lamenta a dependência de fundos setoriais, como o da Agência Nacional do Cinema (Ancine), para a criação de produtos originais. Para ele, o mercado precisa “se entender” e fala da necessidade de uma renovação. “É preciso valorizar a voz e sair da caixinha, a gente ainda está muito em um lugar-comum.”

Antônio Cavalcante, arquiteto e mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, considera que as oportunidades para se ter um transporte mais limpo no Estado surgem de três formas: com o aperfeiçoamento de aplicativos de carona, como o Uber e o 99pop; o aumento de lojas que permitam uma maior oferta e barateamento de bicicletas e carros elétricos; e a construção de vias e estruturas específicas que permitam uma circulação mais segura desses modais, como ciclofaixas e estações para recarga de carros elétricos.

O pesquisador afirma que ainda há um longo caminho a se percorrer, mas que acredita na “força e criatividade” do cearense para a inovação. Insiste também na necessidade de uma mudança cultural, combinada a uma base tecnológica e condições legais para se tornarem realidade.
 
 
 

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