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Movimento fraco na Feira da José Avelino

Madrugada de dia das mães foi e pouco movimento na feira popular
08:57 | Mai. 14, 2017
Autor Irna Cavalcante
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Irna Cavalcante Repórter no OPOVO
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Tipo Notícia
[FOTO1]Mesmo com uma liminar que suspende temporariamente a remoção dos feirantes da José Avelino – o que estava previsto pela Prefeitura para ocorrer neste domingo, 14 -, a madrugada da véspera do dia das Mães foi de pouco movimento na feira de confecções popular. O medo de que houvesse confronto entre ambulantes e o Poder Público era uma das razões apontadas por quem estava no local para o baixo fluxo de clientes.

 

A feirante Maria Zilma de Melo, 68 anos, disse que já esperava um movimento menor do que o registrado na feira realizada na madrugada de quarta para quinta-feira, porque os ônibus que trazem compradores de outros estados tradicionalmente não vêm na véspera de feriado, mas não imaginava que seria tanto. “Vai ser um dia das mães muito ruim para gente. Está muito fraco, acho que muita gente ficou com medo de ter confusão porque disseram que ia ser o último dia”.

 

Os galpões funcionaram até às 20 horas. E, por volta das 4 horas da manhã, mesmo o número de ambulantes que expõem mercadorias no meio da rua no entorno da Catedral era menor do que o registrado em outros finais de semana. E dentro da José Avelino, apesar de muitas barracas estarem montadas, quase ninguém apareceu para comprar.

 

“Eu estranhei porque costuma dar mais gente aqui, nunca tinha visto tão vazio”, afirmou Patrícia Freire, que costuma acompanhar a prima Eliane Pinheiro, nas compras. “Eu mesmo estava até com medo de vir porque achei que ia ter briga, mas decidir vim assim mesmo porque pensava que ia ser o último dia”.

 
A liminar foi concedida pelo desembargador plantonista Durval Aires Filho por volta das 18 horas de sábado. Dentre as razões para decisão, alegou que Centro Fashion, empreendimento privado inaugurado na avenida Filomeno Gomes, e os demais espaços ofertados pela Prefeitura para os feirantes da José Avelino, "não contemplava a coletividade dos substituídos" e que a retirada dos ambulantes poderia ocasionar conflitos entre os comerciantes, familiares, clientes e as forças de segurança.

 
Para a feirante Cilene de Maria, 47 anos, que trabalha há mais de vinte no local, a decisão foi um alívio. “Foi uma felicidade, porque o clima aqui estava horrível com tudo isso. Ninguém sabia o que ia acontecer”.

 
A Prefeitura informou que aguardará a notificação oficial para se pronunciar sobre a decisão da Justiça. As obras de reestruturação da via pública e que incluía o bloqueio desta e de outras ruas do entorno estavam previstas para iniciar na segunda-feira, dia 15. Além da restauração do calçamento, que está visivelmente deteriorado em função da ocupação irregular, o projeto prevê mobiliários urbanos, paisagismo, nova iluminação em LED e faixas elevadas para pedestres. A intervenção estava prevista para durar 60 dias.

 

Desde quarta-feira, 10, o policiamento no local está reforçado. Equipes da Guarda Municipal bloqueavam o tráfego de veículos nas ruas Barão de Sobral, Costa Barros com a São José e na Rufino de Alencar no perímetro que fica ao redor do Paço Municipal, no horário das 20 às 8 horas. A medida, de acordo com um dos integrantes da equipe, era resguardar o patrimônio público, mas que até aquele momento nenhuma ocorrência tinha sido registrada.
 

Futuro incerto

 
O clima entre quem trabalha no local é de incerteza. “A gente fica com medo de botarem a gente para fora a qualquer custo”, afirma a feirante Carmem Lopes, 33 anos.

 
Ela diz que hoje não tem condições de alugar um boxe em espaços como o do Centro Fashion e que as soluções de feira pública apontadas pela Prefeitura são inviáveis. “O que eu vou fazer lá na Feira de São Sebastião se lá não vende roupa?“, afirma.

 
Na opinião de Danúsio Andrade, 37 anos, era preciso oferecer também mais facilidades na forma de pagamento destes outros espaços. “Tinha que ser mais parcelado”.

 
Já Gleiciane Marques, 18 anos, diz que em função do anúncio da Prefeitura, ela e o marido alugaram na semana passada um boxe na Feira Leste-Oeste do Mucuripe, mas que só pretendem mesmo sair da José Avelino se não tiver outra opção. “Não tem feira melhor para vender”.

 

Quem compra com frequência no local, apesar de fazer algumas reclamações sobre a falta de estrutura oferecida, diz ser favorável à permanência da Feira por conta da quantidade de pessoas que ficariam impossibilitadas de trabalhar. O medo de que os preços subam é outra preocupação. “O que faz a diferença aqui é a qualidade das peças e o preço baixo. Nestes outros locais é mais caro”, afirmou a estudante Dercinha Santos, 26 anos.

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