Rebelião de funcionários do Tesouro pode afetar repasses a Estados e municípios
Após três semanas de greve, o Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical), que representa os servidores do Tesouro, protocolou no fim da tarde desta terça um ofício no órgão, comunicando a saída de 95 dos 123 gerentes (77% do total). A paralisação já deixa o sistema do Tesouro Direto instável e pode começar a afetar repasses da União a Estados e Municípios.
De acordo com o documento, a categoria aponta a recusa do governo em manter o realinhamento das remunerações dos servidores do Tesouro com outras carreiras da Fazenda, em especial da Receita Federal.
A categoria está inconformada com os ganhos obtidos pelos auditores fiscais e argumentam que não querem virar uma carreira de segunda categoria. O ofício lembra que essa correlação salarial perdura há mais de uma década.
"Reconhecemos a situação fiscal do País, mas o governo descumpriu o compromisso com a categoria. Os servidores da Receita conseguiram que o acordo firmado fosse cumprido, e queremos garantir o mesmo para os funcionários do Tesouro", afirmou ao Broadcast o presidente do Unacon Sindical, Rudinei Marques, que assina o documento.
Ele reclamou ainda do tratamento dispensado pela secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, às demandas do corpo funcional do órgão. "A secretária não enxergou a dimensão do problema e nos recebeu por apenas cinco minutos. Agora, que a rebelião está formada, é ela que nos chama para conversar", queixa-se Marques.
Os funcionários do Tesouro que aderiram ao movimento estão em assembleia permanente na sede do órgão, no prédio anexo ao edifício principal do Ministério da Fazenda. Nesta segunda-feira, 15, chegaram a ocupar um espaço próximo ao gabinete do ministro Henrique Meirelles, mas não foram recebidos, a exemplo do que ocorreu com os funcionários da Receita em movimento semelhante no mês passado.
Após a pressão dos funcionários da Receita em julho, o governo do presidente em exercício Michel Temer resolveu validar os reajustes salariais de 14 categorias de servidores públicos assinados pela presidente afastada Dilma Rousseff.
O movimento dos auditores fiscais chegou a afetar a arrecadação de impostos e ameaçava atrapalhar o funcionamento das aduanas durante os Jogos Olímpicos. O projeto de lei enviado ao Congresso contemplou também categorias como a policiais federais, auditores do trabalho e peritos médicos do INSS.
Questionado sobre a entrega de cargos no Tesouro e sobre a possibilidade de reajuste para a categoria, o Ministério da Fazenda respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que não irá comentar a questão.
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