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Desemprego permanece estável, mas em patamar elevado

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta quarta, 31, mostrou que o indicador passou 12,7%, em junho, para 12,8% em julho
16:22 | Ago. 31, 2016
Autor Irna Cavalcante
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Irna Cavalcante Repórter no OPOVO
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Tipo Notícia

Pelo terceiro mês consecutivo a taxa de desemprego se manteve estável na região metropolitana de Fortaleza. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta quarta, 31, mostrou que o indicador passou 12,7%, em junho, para 12,8% em julho. O patamar, no entanto, continua sendo o maior da série histórica, superando julho de 2009, quando a taxa era de 12,3%. O contingente de desempregados foi estimado em 234 mil pessoas. São três mil pessoas a mais que no mês anterior.

 Em um ano, o número de desempregados subiu 58,1%. E a taxa de desemprego aberto, que mede as pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos últimos 30 dias e que não exerceram nenhum trabalho nos últimos sete dias, principal componente deste indicador, saiu de 6,6% para 10,8%, no mesmo período. “O resultado reflete este momento desfavorável da conjuntura econômica porque é uma taxa muito elevada. Por outro lado, é um certo alívio porque o comportamento ascendente do indicador que vinha sendo observado até o mês de abril teve uma reversão de tendência e hoje temos uma estabilidade na taxa de desemprego”, afirmou o analista do Mercado de Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Mardônio Costa.

 No comparativo com as cinco regiões metropolitanas pesquisadas, a de Fortaleza é a que tem a segunda menor taxa de desemprego, perdendo apenas para a de Porto Alegre (10,4%). A de Salvador é a que teve o maior crescimento em um mês, passando de 24,8% para 25,7%. Enquanto a Porto Alegre, Distrito Federal (18,9%) e São Paulo (17,4%) também permaneceram estáveis no período.

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 Na RMF, o nível de ocupação variou de -0,2% para 0,1%, entre junho e julho deste ano, o que caracteriza também estabilidade. Dentre os setores produtivos, cresceu o nível ocupacional no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (2,5%) e na construção (5,9%), mas em compensação caiu os números da indústria de transformação (-3,8%) e nos serviços (-1%). Por posição na ocupação, à exceção da categoria dos autônomos que teve alta de 5,3%, caíram as oportunidades de trabalho em todas as demais áreas analisadas.

 Com destaque para o contingente de trabalhadores classificados nas demais posições (empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais e outras posições ocupacionais) cuja queda chegou a -5,6%; na dos empregados domésticos (-2,7%) e no serviço privado (-1,4%). No setor público, o quadro permaneceu estável em -0,8%. Houve retração do emprego com carteira de trabalho assinada (-1,5%) e relativa estabilidade do sem carteira (-0,7%). A remuneração média na RMF ficou em R$ 1.281 em julho, um percentual 0,7% menor do que no mês anterior. A PED é realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com a Fundação Seade, Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social e Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT).

 A cara do desemprego O último ano não foi fácil. O desemprego teve um crescimento mais intenso entre os homens (61,6%) e na faixa de 25 a 39 anos (54,5%). Entre os jovens, de 16 a 24 anos, o percentual cresceu 45,9%, alcançando uma taxa de 30,4% em julho deste ano. A pesquisa também mostra que hoje um a cada quatro desempregados é chefe de família. O tempo médio de procura por trabalho está aumentando. Entre junho e julho, passou de 31 para 32 semanas.

 Mardônio Costa explica que apesar da taxa de desemprego ter estabilizado em um patamar muito elevado, a tendência é que estes números caíam na reta final do ano. As contratações temporárias das eleições, a movimentação do comércio no final do ano e a injeção das primeiras parcelas do 13º salário devem dar um novo ânimo para economia.

 O diretor Técnico do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC) da Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo, lembra ainda que outro setor que pode ter algum crescimento este ano é o da indústria de transformação com o início das operações da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que deve movimentar vários segmentos. Para ele a recuperação econômica na RMF e no Nordeste como um todo deve ser mais lenta que no resto do País, pela própria base econômica da Região, mas ele acredita que os indicadores devem ser menos piores em 2017.

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