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Há algum progresso, mas muito mais é necessário, diz Volpon sobre ajuste fiscal

17:00 | Abr. 15, 2016
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O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, deu um tom mais grave sobre a área fiscal do Brasil nesta sexta-feira, 15, durante palestra em seminário organizado pelo JP Morgan, em Washington, nos Estados Unidos. A área fiscal também ganhou mais espaço recentemente nos discursos do presidente do BC, Alexandre Tombini, como o último realizado em São Paulo.

Segundo apresentação divulgada nesta sexta no site do BC na internet, Volpon avaliou que há algum progresso já visto em relação ao ajuste fiscal, mas que ainda são insuficientes. "Ajuste fiscal: algum progresso, mas muito mais é necessário", escreveu em um dos slides da apresentação intitulada Brazil: Scorecard on Adjustment Process.

Para ele, um ajuste externo de sucesso, inflação em níveis controlados e um mercado de dívida mais dependente do investidor doméstico são peças fundamentais para que haja prazo e espaço suficiente para se fazer o trabalho fiscal. Apesar disso, alertou Volpon, sem uma consolidação fiscal convincente, esses limites começarão a surgir e o risco de haver crise financeira induzida pela área fiscal crescerá com o tempo.

Copom

Tony Volpon defendeu durante a palestra que o ajuste monetário está "a caminho" e que a inflação vai cair este ano principalmente com o impacto menor do ajuste de preços relativos (tanto do câmbio quanto dos preços administrados) e com o hiato do produto desinflacionário.

Ele acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá sua política até que a probabilidade de atingir os parâmetros de 2016 e 2017 estejam "suficientemente elevados". Para este ano e o próximo ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que a meta de inflação é de 4,5%, mas o teto permitido em 2016 é de 6,50% e, em 2017, em 6,00%.

Volpon é um dos dois membros do colegiado que, desde novembro, têm votado pela alta da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 14,25% ao ano. Para ele e o diretor Sidnei Marques, a Selic poderia ter subido 0,50 ponto porcentual desde o final do ano passado. Apesar disso, a maioria do Copom tem votado pela manutenção dos juros. A taxa básica está estacionada nesse patamar desde julho do ano passado.

Incertezas

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central avaliou que o progresso já visto no processo de ajustes significa que a causa do estresse econômico pelo qual o Brasil passa hoje é a incerteza em relação às questões não-econômicas.

Por isso, para o diretor, a diminuição da incerteza pode implicar uma recuperação econômica surpreendentemente rápida. O outro lado também é verdadeiro, segundo Volpon: se não houver normalização nos níveis de incertezas, existe apenas uma pequena chance de recuperação econômica sustentada. Em sua apresentação, ele destacou que grande parte do ajuste externo foi realizado, como mudança nos preços relativos.

O diretor lembrou que no começo de 2015, o Brasil teve de enfrentar um longo e processo de ajuste em três dimensões (externo, monetário e fiscal) e que estes ajustes dependem de fatores endógenos e exógenos. No caso do ajuste externo, há uma dependência maior de fatores do mercado, segundo ele; no caso do monetário é um mix de política econômica e mercado, enquanto o fiscal é altamente dependente de fatores políticos.

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