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BC compra US$ 20 bilhões para segurar dólar

08:30 | Abr. 15, 2016
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O Banco Central já comprou mais de US$ 20 bilhões nesta semana para segurar a cotação do dólar no Brasil, em meio às expectativas do mercado em relação à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A intenção do BC é evitar que o dólar despenque em função do forte fluxo de empresas e investidores estrangeiros que estão mudando suas apostas e vendendo dólar. Mesmo com a forte atuação do BC, a moeda americana já caiu mais de 5% em quatro dias e fechou ontem cotada a R$ 3,4768.

 

A queda do dólar, segundo operadores, está sendo fortemente pautada pela expectativa de que o impeachment seja aprovado na Câmara dos Deputados no domingo. Desde que diversos partidos intensificaram o desembarque da base de apoio do governo, grandes empresas começaram a rever suas posições na bolsa de futuros. Na terça e na quarta-feiras, venderam US$ 3,8 bilhões para se desfazer de contratos que embutiam em seus preços uma alta da cotação da moeda americana. Acreditando agora na queda, pagariam caro para manter essas posições.

 

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De acordo com Mauro Calil e Alberto Alves, do Banco Ourinvest, o chamado "hedge", em que empresas usam instrumentos derivativos para se proteger da variação cambial, é muito caro e, quando há uma reversão de tendência, as empresas tendem a se desfazer desse custo. Para fazer o hedge, as empresas gastam entre 12% a 15% ao ano.

 

Não só as empresas estão mudando suas apostas. Muitos investidores estrangeiros e também fundos de investimentos intensificaram igualmente a venda de dólares nesta semana, ajudando a intensificar o fluxo.

 

Alguns operadores observam com atenção a atuação agressiva do BC, que está batendo recordes de compra diária desde que lançou o modelo de leilões de swaps cambiais em 2005. O BC não está deixando o câmbio cair, o que pode beneficiar quem está agora desfazendo apostas. Por outro lado, essa atuação evita uma forte volatilidade. Calil, do Ourinvest, diz que o dólar teria caído a R$ 3,20 e R$ 3,30 sem a atuação do BC.

 

Do estoque de swaps cambiais que vinha carregando desde 2014, no total de US$ 120 bilhões, já reduziu agora para US$ 80 bilhões. Isso significa que, na prática, as reservas cambiais do Brasil estão ficando mais robustas, segundo o chefe de mesa de operação de um banco estrangeiro. Além disso, o BC ganha força para atuar no câmbio na próxima semana.

 

Apesar de o impeachment ser o tema mais comentado entre os operadores, outro ponto está sendo levado em conta nas análises das empresas e investidores para mudar as apostas. De acordo com chefe de operações de um banco brasileiro, o fato de o Banco Central americano estar aumentando os juros do país de forma mais gradual do que o esperado também afeta o mercado. Vários países viram suas moedas se fortalecerem frente ao dólar em um mês. Relatório do Banco Fator mostra que foi o que aconteceu com as moedas da África do Sul, México, Rússia, Colômbia e Peru.

 

Bolsa

 

Na Bovespa, a notícia de que a Advocacia Geral da União (AGU) impetrou um mandado de segurança no STF para anular o processo de impeachment foi recebida negativamente e fez alguns investidores fugirem do risco, dando força ao movimento de realização de lucros e desmontagem de posições consideradas arriscadas. O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 1,39%, aos 52.411 pontos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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