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Oportunidades e desafios

Essa é a hora de comprar para quem tem dinheiro. Como a oferta está mais elevada, quem tem poder de compra pode se dar bem
01:30 | Mar. 26, 2016
Autor Beatriz Cavalcante
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Beatriz Cavalcante Articulista quinzenal do O POVO
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Tipo Notícia

O cenário econômico preocupa quem quer comprar imóveis. Mas, para quem tem algum dinheiro na conta, o poder de barganha está maior. E mesmo que as taxas para contratação de empréstimos estejam em patamares mais elevados, com uma Selic a 14,25%, o consumidor tem a possibilidade de fazer a portabilidade da sua dívida quando os índices baixarem. Já para o setor empresarial, os desafios são muitos. Mas se o mercado for o de locação, a perspectiva é bastante positiva.

“É evidente que estamos passando por uma crise, mas o lado positivo é aquilo que a gente já vem dizendo sempre. Aquela família que tem estabilidade e está necessitando comprar imóvel ou realizar alguma melhoria nele pode fazer financiamento com determinada taxa e realizar a portabilidade desse financiamento quando a economia melhorar”, diz José Carlos Gama, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) e presidente do Conselho Jurídico da Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic).

Ele acrescenta que quem tem poder de compra pode se dar bem na hora de barganhar. “Essa é a hora de comprar para quem tem dinheiro. Como a oferta está mais elevada e a procura diminuiu, quem tem poder de compra pode se dar bem”, diz.

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Locação

Quando se fala de mercado imobiliário, a visão é de otimismo para o de locação residencial em 2016. “A perspectiva é muito positiva, haja vista que estamos com uma demanda em alta e por conta do adiamento por parte de algumas pessoas do projeto de compra. Temos mais pessoas locando”, avalia Germano Belchior, presidente da Associação das Administradoras de Imóveis do Ceará (Aadic).

Para se ter ideia do que vem para este ano, pesquisa da Aadic aponta que já houve bons resultados no ano passado. O volume de unidades contratadas superou em 14% a de devolvidas e os contratos fechados foram 12% maiores que os rescindidos.

Para quem esperava ver a inadimplência aumentar, o movimento foi inverso. Houve queda do índice de 2,92% ante 2014.

A oferta de imóveis para locação também teve elevação em 2015. No Meireles, subiu 14,9%. Na Aldeota, o crescimento foi de 8,2%. Em seguida, aparecem Papicu (6,6%), Centro (5%), Messejana (4,5%), Cocó (3,9%), Joaquim Távora (3%), Bairro de Fátima (2,7%), Praia de Iracema (2,5%) e Cambeba (2,3%).

Desafios

Mas, se por um lado, o mercado de locação vai muito bem, o de construção tem desafios a superar, com retração no número de lançamentos e vendas. Para André Montenegro, presidente do Sinduscon-CE, o momento é de muito trabalho.

Para se ter uma ideia de como o setor está caminhando neste ano, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mercado nacional teve recuo de 14,3% no número de lançamentos no período de novembro de 2015 a janeiro de 2016, ante o período anterior, registrando 19.390 unidades. Mas, considerando o acumulado de 2016 (janeiro), os lançamentos totalizaram 1.697 unidades, volume 4,3% superior ao observado no primeiro mês de 2015.

Os desafios no mercado se refletem nas vendas. Estas somaram, no Brasil, 24.293 unidades, uma queda de 16,6% ante mesmo trimestre no ano anterior. Esse patamar representa também diminuição de 21,8% frente ao que foi vendido no mesmo período de 2015.

Entre novembro de 2015 e janeiro 2016 foram entregues 27.869 unidades no País, recuo de 39,2% frente ao número de unidades entregues no mesmo período do ano anterior. No que se refere ao acumulado do mês de janeiro, as entregas somaram 7.366 unidades e tiveram recuo de 25,2% ao observado na mesma base de 2015.

Perspectivas

Para este ano, André espera que os estoques se mantenham estáveis. “Temos feito esforço para baixarmos o estoque. Eles não aumentaram do ano passado para cá, ficaram estáveis. Para 2016, a expectativa não é aumentar porque o mercado cearense se regula bastante”, diz. Ou seja, o mercado só lança quando percebe que há condições de vender.

“Em função da crise política, os números no início deste ano não acompanham a previsão que tínhamos. Achávamos que iríamos manter a estabilidade, mas houve retração”, detalha Gama. Ele e André concordam ao dizer que o momento é de cautela no lançamento de imóveis, assim como ocorreu em 2015.

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