Comércio com 'vizinhos' esbarra na logística
Os estragos que esses gargalos logÃsticos causam na exportação nacional foram captados em um novo estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O relatório 'Desafios para a Integração LogÃstica na América do Sul', ao qual o Estado teve acesso exclusivo, calculou quanto do potencial exportador do Brasil tem sido frustrado pelas dificuldades de transporte. O cenário levou em conta a distância em relação a cada paÃs sul-americano, o volume de produtos escoados por cada modal de transporte e o tamanho de seus mercados.
Os dados mostram que as exportações para a Argentina, o principal parceiro comercial do Brasil na região, têm hoje desempenho 7% inferior à sua real capacidade por conta das rotas deterioradas de acesso entre os dois paÃses. No Peru e na Colômbia, essa frustração é de 5% do potencial pleno. A lista segue com Venezuela (4%), Chile (3%), Suriname (2%), Guiana, Paraguai e Uruguai, esses três últimos com restrição de 1% em seus desembarques potenciais. Apenas BolÃvia e Equador não apresentaram alterações.
"Ã? um cenário preocupante e que ainda não foi efetivamente atacado pelo governo. Priorizar projetos de infraestrutura para essa região é vital. Os paÃses sul-americanos se tornam o destino de 16% das exportações brasileiras. Isso exige um tratamento mais pragmático e menos polÃtico", afirma Matheus Castro, especialista em polÃtica e indústria da CNI.
O relatório, que também se baseou em entrevistas realizadas com grandes empresas exportadoras para a região, apontou que, depois de barreiras tarifárias e burocracia alfandegária, as limitações de transporte são mencionadas como maior obstáculo para ampliar as exportações.
Em 2010, o recém criado Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan), órgão da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), estabeleceu uma lista de 31 projetos prioritários para melhorar a interligação entre os paÃses da região, um pacote de obras estimado em US$ 21 bilhões. Seis anos depois, nenhum empreendimento da lista foi concluÃdo. Atualmente, 15 estariam em Â?fase de execuçãoÂ? e 16 sequer tiveram inÃcio.
Os dados apontam que, até dezembro de 2014, foram investidos US$ 951 milhões nos projetos, apenas 4,5% do total previsto no lançamento do projeto.
Ã? preciso destacar, no entanto, que algumas obras já concluÃdas anos atrás entraram nessa conta. Na prática, portanto, a evolução dos empreendimentos é próxima do zero. "Os programas são desproporcionais à realidade e à capacidade efetiva de cada paÃs em realizar esses projetos. Ã? preciso que haja prioridade efetiva", analisou o especialista da CNI.
Durante o ano passado, as exportações do Brasil para a América do Sul movimentaram US$ 31,1 bilhões; elas foram ao todo de US$ 36,7 bilhões durante o ano anterior.
Escoamento
Historicamente, a Argentina responde por cerca de 40% do total das exportações brasileiras. Atualmente, a principal rota usada para levar produtos manufaturados ao paÃs vizinho é mesmo a rodovia (48% do total), seguida pelo transporte marÃtimo, com 45% do total, o fluvial que responde pode 4%, o aéreo (2%) e ferroviário, este último com apenas 1% do total. Se consideradas as exportações para os 11 paÃses, o mar é o destino usado por 53% das cargas escoadas, seguido por rodovias (39%) e transporte aéreo (5%). Os demais 3% se dividem entre ferrovias e rios.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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