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Ano deve terminar com sensação de recuperação, diz economista do Santander

17:00 | Mar. 16, 2016
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A economista sênior do banco Santander, Adriana Dupita, afirmou que o ano deve terminar com uma "sensação de recuperação", melhor do que no ano passado. Em apresentação durante evento promovido pela Apimec Rio (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) nesta quarta-feira, 16, ela destacou que essa não é a pior crise pela qual o País passou. A estimativa do banco é de uma queda de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016.

"Não é a pior crise pela qual a gente passou, mas há uma sensação prevalente dela, só se fala nela. Vivemos três crises ao mesmo tempo, a econômica, a fiscal e a política, cada uma com uma causa diferente", afirmou no evento. Segundo ela, o período difícil representa um ajuste da economia.

Na visão da economista, ainda haverá trimestres de contração, mas há uma tendência de reversão a partir do segundo semestre do ano. Dupita destacou que indicadores antecedentes já pararam de cair e o setor exportador está voltando a crescer. Também afirmou que o setor externo limita uma queda adicional do PIB.

A especialista disse ainda que o cenário internacional não é de crise, mas é desfavorável para o Brasil. Ela citou dois fatores principais: a possibilidade de a economia americana voltar a subir juros, o que encareceria as taxas dos financiamentos no exterior, e sinais de desaceleração da economia chinesa.

A economista afirmou ainda que algumas medidas para a retomada do País já foram tomadas e geraram "alguns frutos". Entre as ações, citou redução de crédito subsidiado, realinhamento da taxa de juros, realinhamento da taxa de câmbio, realinhamento do preço de gasolina e energia elétrica.

"As medidas são boas porque recolocam preços nos lugares que deveriam estar, mas reduz capacidade de consumo da economia." O resultado no curto prazo, diz, é recessão e inflação, mas no médio prazo dá condições para um crescimento mais equilibrado.

A executiva afirmou que ainda há uma parte importante a ser feita, principalmente na área fiscal. "O País continua sendo um dos emergentes mais atrativos por seu tamanho, demografia favorável e pelas suas instituições, mas empresas precisam navegar em dificuldade", disse.

Entre as ações que ainda precisam ser tomadas, na opinião da economista, estão a reversão do protecionismo, a mudança na regra de reajuste do salário mínimo, além de ajuste fiscal de curto, médio e longo prazos.

Em relação à taxa de câmbio, a especialista diz que a volatilidade deve persistir, mas já teria andado mais do que o necessário, dados os fundamentos atuais. "Há pouco espaço para novas rodadas de desvalorização". A projeção do banco para o câmbio é de R$ 4,10 no final do ano.

A taxa de desemprego deve continuar se elevando até o final do ano, disse. "O lado positivo da dinâmica do mercado de trabalho é que ajuda a conter a pressão inflacionária." A projeção para a taxa de juros é de 13% no final do ano, ante a taxa atual de 14,25%.

Sobre os desafios, destacou a baixa produtividade, infraestrutura precária, além de tributos pesados e complexos.

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