Petrolíferas quebram nos EUA e setor não ajuda no PIB
Como a Swift Energy, outras 41 empresas de médio porte na área de produção de petróleo e gás entraram com pedido de falência desde o inÃcio de 2015, conforme levantamento do escritório de advocacia Haynes & Boone. Essas companhias têm uma dÃvida de US$ 17,4 bilhões, contraÃda para financiar a extração de petróleo e, principalmente, para o boom de gás de xisto quando o petróleo estava acima de US$ 100. Além dessas, outras 39 empresas da cadeia, prestadoras de serviços ao segmento, também entraram com pedido de falência no ano passado.
"A empresa teve de tomar medidas em resposta à redução significativa dos preços do petróleo e do gás que tem afetado toda a indústria", disse o presidente da Swift, Terry E. Swift, fundada em 1979. Com U$$ 1 bilhão em ativos, a companhia viu sua dÃvida bater em US$ 1,35 bilhão e as receitas caÃrem 55% no último trimestre de 2015, ante igual perÃodo de 2014. Após fazer ajustes e os preços da matéria-prima continuarem caindo, restou entrar com pedido de falência e recuperação judicial.
Os números das falências nos EUA até agora ainda são pequenos quando comparados às centenas de empresas que operam no setor, mas prevalece o pessimismo entre os especialistas, que alertam para mais deterioração da situação financeira das empresas. Para 2016, o quadro esperado para as falências é ainda pior do que foi em 2015.
A IHS, consultoria do setor de energia, estima que mais 150 companhias podem falir em 2016, quase quatro vezes mais do que o apurado em 2015.
Nas gigantes do setor de petróleo dos EUA ainda não houve falências, mas o cenário também não é animador. Corte de investimento, demissões em massa, redução de dividendos e forte piora dos resultados financeiros vêm marcando o setor desde meados de 2014. A maior petroleira dos EUA, a ExxonMobil viu seu lucro cair 58% no quarto trimestre de 2015. No mesmo perÃodo, a Chevron, a segunda maior, passou de ganho para prejuÃzo de US$ 588 milhões no final do ano passado.
'Lado bom'
Os esperados benefÃcios que a queda da cotação do petróleo trariam para a economia dos Estados Unidos não ocorreram como o previsto. A expectativa de organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, e de casas financeiras de Wall Street, como Morgan Stanley, Bank of America e Goldman Sachs, era de que a redução dos preços dos combustÃveis nos postos liberaria mais recursos para as famÃlias norte-americanas gastarem com consumo, o motor do crescimento dos EUA. "A redução dos combustÃveis equivale a um corte anual de impostos de US$ 200 bilhões para os americanos", afirmou o presidente da gestora Cumberland Advisors, David Kotok.
Mas os recursos que as famÃlias deixaram de gastar com gasolina não foram direcionados, na intensidade esperada, para o mercado de consumo, afirmou o economista-chefe da consultoria Pantheon Macroeconomics, Ian Shepherdson. Os dados mais recentes, de dezembro, mostram que os americanos estão preferindo poupar o aumento da renda ao invés de consumir mais. As vendas de final de ano em várias redes de varejo, como a MacyÂ?s e a Amazon, decepcionaram.
Em janeiro do ano passado, os economistas do JPMorgan previram que a queda do preço do petróleo faria o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA crescer mais 0,7 ponto em 2015. O banco reviu a projeção e espera agora que a retração do preço reduza em 0,3 ponto porcentual o PIB do paÃs em 2015, por conta dos impactos negativos na cadeia produtiva do setor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Altamiro Silva Junior, correspondente)
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