Tombini: reservas internacionais e swaps reduziram exposição a risco cambial
Segundo o ministro, o programa de swaps, voltado à manutenção da estabilidade financeira interna, permitiu às empresas e aos investidores enfrentarem com segurança um período de volatilidade cambial e de acentuada depreciação do real. "O ajuste no setor externo está se processando com rapidez e de forma intensa, beneficiando a economia brasileira na medida em que é fonte de crescimento da produção para importantes setores", afirmou.
Tombini destacou ainda que a depreciação cambial atrai investimento estrangeiro e favorece "a expansão do produto mais à frente". Segundo ele, a situação cambial contribui para que a retomada do crescimento aconteça sem gerar desequilíbrios nas contas externas. "Uma parte importante do ajuste externo é a manutenção dos ganhos de competitividade decorrentes da desvalorização cambial real da nossa moeda", afirmou.
Tombini disse ainda que a atuação do BC no controle da inflação "é de fundamental importância" para que esses ganhos não sejam eliminados pelos aumentos dos preços domésticos. "No lado monetário, a inflação tem sido intensamente afetada pelo fortalecimento do dólar norte-americano e pelo aumento dos preços administrados em relação aos preços livres da economia", destacou.
Para o presidente do BC, os preços administrados em 2016 tendem a ser "substancialmente menores do que os vivenciados em 2015".
Setor externo
Tombini afirmou também que o ajuste monetário vai continuar contribuindo para uma desinflação nos próximos dois anos. Segundo ele, os ajustes monetário e do setor externo se processam, naturalmente, em velocidades e intensidades distintas.
"Enquanto o setor externo já apresenta importantes resultados, o ajuste monetário seguirá contribuindo para uma significativa desinflação nos próximos dois anos e à frente", afirmou.
Com relação ao ajuste externo, Tombini afirmou que 2015 foi encerrado com uma expressiva redução de mais de 40% no déficit de transações correntes do balanço de pagamentos, de US$ 104 bilhões, em 2014, para US$ 58,5 bilhões, em 2015. "Em números aproximados, houve uma reversão de déficit para superávit da ordem de U$ 25 bilhões na balança comercial entre 2014 e 2015. Esse resultado é ainda mais notável tendo em conta que a razão entre os preços dos produtos exportados pelo Brasil e os preços de nossas importações recuou 11% nesse período", afirmou.
De acordo com o presidente da autoridade monetária, o regime de câmbio flutuante atuou como primeira linha de defesa nesse período, levando a uma significativa desvalorização cambial, "inclusive, em resposta à deterioração dos termos de troca". Ele avaliou que os ganhos de competitividade desse processo para a economia nacional são indiscutíveis.
Para ele, o País ganhou em competitividade. "A título de exemplo, destaco a redução de mais de 40% no custo unitário do trabalho na indústria, quando medido em dólares, desde o pico registrado em meados de 2014", disse. Esses ganhos, avaliou, têm estimulado o crescimento da quantidade exportada e a substituição de importações.
Em seu discurso, Tombini afirmou ainda que a combinação do crescimento de mais de 8% na quantidade física exportada em 2015, com a redução de 15% na quantidade importada, certamente beneficia a balança comercial, mas também a atividade econômica interna. "A despeito das incertezas geradas por fatores econômicos e não-econômicos em 2015, a combinação do ajuste relativo dos preços domésticos em relação aos internacionais e a perspectiva de recuperação econômica à frente mantiveram a atratividade da economia brasileira", disse.
Para o presidente do BC, o ajuste externo e seus efeitos sobre a economia brasileira não se restringem a 2015. "Nossas projeções para 2016 indicam que o déficit em conta corrente deverá ser reduzido para cerca de U$ 40 bilhões e, novamente, será financiado com sobra por investimento direto no País". (Carla Araújo, Victor Martins, Lorenna Rodrigues, Rachel Gamarski, Bernardo Caram, Ricardo Brito e Igor Gadelha)
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