Participamos do

Ministro das Finanças italiano pede cautela com reformas na zona do euro

07:55 | Jan. 24, 2016
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia
A zona do euro não deve fazer movimentos unilaterais para limitar a quantidade de títulos de dívida dos governos que os bancos podem possuir, disse o ministro das Finanças da Itália. Em entrevista durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, Pier Carlo Padoan pediu cautela enquanto a região se adapta a novas regras no sistema financeiro.

Os comentários evidenciam as fortes discordâncias que ainda existem entre membros da zona do euro sobre do que a região de moeda comum precisa para controlar riscos e impulsionar o crescimento da economia. Os limites de exposição a títulos dos governos têm o apoio de países como Alemanha, Holanda e Finlândia, mas significariam um grande impacto para a Itália e seus credores, os quais detém mais de 70% da dívida do país.

"Precisamos ser cautelosos ao colocar em prática regras que parecem bonitas no papel", disse Padoan.

Jeroen Dijsselbloem, ministro das Finanças holandês, que preside as conversas entre os ministros da zona do euro, quer um acordo para o limite a exposição dos bancos a títulos dos governos ainda este ano, com os limites entrando em vigor completamente em 2024. Isso asseguraria que os credores pudessem sobreviver à reestruturação da dívida dos governos, diz o ministro.

Padoan argumenta, porém, que os limites aumentariam o custo de funding dos governos e poderiam desestabilizar os mercados caso os bancos sejam forçados a uma venda apressada dos papéis. "Isso seria uma provável fonte de instabilidade", declarou, acrescentando que qualquer limite de exposição precisaria de acordo para implementação em nível global.

Pelas leis internacionais, títulos soberanos são considerados risco zero, o que faz com que credores possam acumulá-los sem precisar de proteção extra. Em 2014, os bancos da zona do euro detinham títulos de seus países-sede avaliados em 118% de seu capital, muito mais do que o que ocorre com bancos dos Estados Unidos, em que a média de exposição a títulos do governo norte-americano é 14% do capital social.

De acordo com uma análise da Fitch Ratings de 2014, os maiores bancos da zona do euro precisariam se desfazer de � 1,1 trilhão em títulos dos governos se fosse exigido que eles reduzissem sua exposição a 25% do capital, o que está em linha com limites de exposição para outros tipos de ativo. Se a exposição for limitada à 50% do capital, as vendas de títulos poderiam alcançar � 800 bilhões.

Roma tem repetidamente discordado de Bruxelas e Berlim em meses recentes, em tópicos que variam da política energética ao fluxo de refugiados. Na terça-feira, Padoan terá um encontro com a Comissária Europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, para resolver uma disputa sobre um mecanismo de ajuda aos bancos italianos que permitiria que eles lidassem com bilhões de euros em maus empréstimos os quais tem contaminado seus balanços e estão impedindo-os de fornecer novos empréstimos. A comissão até agora tem rejeitado as propostas da Itália alegando que o país estaria usando dinheiro de impostos para subsidiar maus empréstimos. Fonte: Dow Jones Newswires.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente