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Hoje é mais fácil construir

01:30 | Jan. 30, 2016
Autor Beatriz Cavalcante
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Beatriz Cavalcante Articulista quinzenal do O POVO
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Tipo Notícia
Quando uma empresa tem muitos anos de mercado ela passa por altos e baixos. Nesse vai e vem da economia, a percepção sobre a crise política e econômica do País é a de que ela é passageira. É o caso da Lira Coutinho, que completou 25 anos de mercado no dia 9 de janeiro deste ano.

 

Eduardo Coutinho, diretor-executivo, e Anderson Freire, diretor comercial da empresa, são os entrevistados desta edição e acreditam que, apesar da construção civil sentir o peso de uma crise econômica, o mercado imobiliário está mais fácil atualmente. Enquanto que antigamente se construíam prédios com apenas 20 apartamentos, a tecnologia permitiu que esse número seja multiplicado por dez.


E nessa história de 25 anos de experiência, com passagens por períodos como o da hiperinflação, é que os diretores da Lira Coutinho contam as mudanças que ocorreram no mercado e no País ao longo desse tempo.

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O POVO - A empresa foi fundada pelo seu pai, Francisco Lira Coutinho. É verdade que ele era contador e deixou tudo para se dedicar à construção civil?

Eduardo Coutinho - Meu pai era sócio de um escritório de contabilidade (CBM) e prestava consultoria a diversas empresas, entre algumas construtoras, em especial a Coigra, do doutor Gentil Rocha. Em 1991, devido a uma grande disciplina financeira de meu pai e uma visão estratégica, ele começou a construir casas soltas para vender. Comprava lotes, construía rapidamente e vendia mais rapidamente ainda. Devido ao enorme sucesso, ele vendeu sua parte no escritório de contabilidade para se dedicar exclusivamente à construtora, que começou em 9 de janeiro de 1991. Fazia casas soltas no loteamento Alpha Village, mais conhecido como Luciano Cavalcante. Ele primeiro construiu a nível de investimento, depois, resolveu vender a parte dele no escritório que hoje perece ao meu tio, Francisco Coutinho também.

 

OP - Como está a composição societária da empresa?

Eduardo - A empresa pertence aos meus pais (Francisco Coutinho e Eloísa Coutinho), 50% para cada. A Lira Coutinho, apesar de ter CNPJ, é formada por dois CPFs.

 

OP - A Lira Coutinho trabalha com obras públicas?

Eduardo - Já fizemos algumas obras para a administração e algumas obras públicas, mas preferimos focar somente nas construções de nossas próprias incorporações. Já fizemos casa de detenção no Piauí.

OP - Um dos mercados que mais sofre com as nuances da economia é o da construção civil. Qual foi o momento mais difícil em 25 anos de empresa?

Eduardo - Eu não tenho nem dúvida que o momento mais difícil foi quando construímos um prédio na Aldeota. Terminamos o empreendimento com 21 unidades para vender, de 24 unidades. Eram 130 m², na rua Paula Ney, projeto campeão, mas, infelizmente, devido a gente não ser muito conhecido, nessa época, no mercado, a gente sofreu nesse empreendimento. Nosso capital ficou todo imobilizado e ficamos parados, sem construir, por mais de um ano. Foi difícil, mas com a disciplina financeira absurda de meu pai conseguimos sair desse momento, já que não adquirimos nenhum empréstimo, dívida. Isso foi em 1999. Quando a gente conseguiu vender a rentabilidade foi até melhor.

OP - Na época da hiperinflação, como era possível saber se um empreendimento era lucrativo?

Eduardo - A única forma era comparar a declaração do imposto de renda com a do ano passado e saber se o lucro adquirido era suficiente para empreender, no mínimo, outro empreendimento igual ou maior. Meu pai sempre diz que começou com uma Saveiro. No outro ano, tinha uma Saveiro e uma moto. No outro, uma Saveiro, uma moto e uma salinha alugada.

OP - Qual a diferença da construção civil na época para hoje?

Eduardo - Mudou tudo! A construção civil, apesar de ter o nome de indústria, realmente está começando a virar uma indústria a partir de agora, com essa crise. Crise, às vezes, é bom. Faz a gente crescer. Então a gente está começando um novo ciclo. O cliente não aguenta mais a gente repassar o aumento de custo de insumos. As construtoras que começarem a trabalhar como indústria realmente ficarão no mercado.

OP - E como é que o senhor vai ganhar dinheiro se não repassar o aumento dos insumos?

Eduardo - Hoje em dia a gente está evoluindo bastante com tecnologia. Tem muito software de gestão e muito controle dentro da obra. Então não adianta a gente achar que - a gente hoje possui quatro obras - que com oito obras rapidamente a gente vai chegar a uma margem dobrada. Temos que fazer mais por menos. Um exemplo básico e simples é o tijolo. Hoje a gente o recebe em paletes. Não temos mais a mão de obra para colocar o tijolo para dentro da obra.

OP - Era mais fácil trabalhar no século passado ou agora?

Eduardo - Sei que os bancos não financiavam as obras, não existia patrimônio de afetação, não tinha seguro interno de obra, não tinha tecnologia, não tinha quase nada em relação ao que se tem hoje. Então, eu acho hoje mais fácil construir que há 20 anos. Um grande construtor há 20 anos fazia um ou dois prédios, no máximo de 20 apartamentos, 10 andares, e vivia disso. Apesar de hoje ser um momento de muita cautela é menos difícil do que há 20 anos. Hoje são 230 ou mais unidades.

OP - Como uma empresa local pode enfrentar o peso do mercado nacional?

Eduardo - Não é nossa intenção batermos de frente com nenhuma incorporadora, principalmente as grandes. Eu, particularmente, até gosto de ser vizinho de obras de grandes incorporadoras. Sei que faço produtos similares ou até melhores, com preços mais atrativos.

OP - Qual é a visão dos senhores sobre o mercado atual?

Anderson - A gente acredita que Fortaleza, de todas as capitais do Brasil, é uma das que tiveram maior crescimento econômico e até populacional, fazendo com que a procura por imóvel, para moradia, tivesse aumento diferenciado. Nosso maior consumidor é o cliente que está comprando seu primeiro imóvel, ou que teve um aumento nos seus ganhos e quer passar para um imóvel maior. Além de que temos poucas construtoras de mercado aberto na nossa cidade, que lançam demais e sem muito critério.

OP - Quais são os lançamentos atuais da Lira Coutinho?

Anderson - Nós temos cinco empreendimentos: Vivenda Parangaba, que já está pronto, na faixa de R$ 280 mil a R$ 300 mil; Maison Monte Carlo, no Bairro de Fátima, na faixa de R$ 600 mil e com entrega dele para julho de 2017. Temos o Arboreto, no Guararapes, na faixa de R$ 750 mil a R$ 800 mil; o Vivenda Messejana, com entrega para outubro de 2017 e parcelas de R$ 800; e o fase do Bem Vida lá na Estrada do Fio, no Eusébio, são casas duplex. Temos lançamento na Parquelândia.

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