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Feirantes e consumidores se adaptam a aumento de preços nas feiras

Segundo os feirantes, os preços mais altos são os de legumes e verduras, como batata-inglesa, tomate, cebola, repolho e beterraba
17:37 | Jan. 13, 2016
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Tipo Notícia
A saca de batata-inglesa com 50 quilos custava R$ 120 até o ano passado, mas hoje está R$ 280. A caixa de 15 quilos de maracujá pulou de R$ 30 para R$ 80. Quem trabalha e compra nas feiras livres de Fortaleza sentiu o aumento nos preços de frutas, verduras, legumes e de outros alimentos. “Até o limão, que é azedo, subiu de preço. Antes, uma caixa de 20 quilos era R$ 20. Hoje é R$ 50, R$60”, disse o feirante Antônio Delfino, que trabalha na feira do bairro Jardim América há 52 anos.

No bairro de Fátima, o feirante Silvânio de Paula Pereira conta uma história parecida. Dos últimos três meses para cá, ele viu o preço da laranja subir gradualmente. “Cheguei a comprar o quilo da laranja por R$ 0,70. Hoje, está R$ 1,60. Tanto a gente como os clientes reclamam. Tem quem ache que é a gente que está explorando, mas tem quem reconheça que é a inflação.”

Diante da alta de preços dos produtos na Central de Abastecimento (Ceasa) do Ceará, Pereira está comprando menos itens do que de costume. O feirante diz sentir falta de uma associação que pudesse dar suporte aos pequenos comerciantes nesses momentos. “Os supermercados têm as redes que os ajudam nos perrengues. Aqui somos cada um por si”, comparou.

Comprar menos produtos para revenda também foi a solução encontrada pelo feirante Ribamar Matos. Antes, ele gastava R$ 1,5 mil em carne bovina na Ceasa para vender na feira, mas acabou reduzindo esse investimento para menos da metade: hoje compra somente R$ 600. “Cada quilo de carne subiu pelo R$ 1. O quilo da picanha era R$18 e passou para R$ 22. A costelinha era R$ 7, hoje está R$ 12.”

O preço da carne também afetou o valor da paçoca, receita nordestina que mistura carne de sol e farinha de mandioca. Na banca do feirante Aguinaldo Carneiro, no bairro Jardim América, o quilo da iguaria passou de R$ 14 para R$ 15. Isso porque o quilo da carne de sol hoje custa R$ 22. Antes, custava R$ 20. A cabeleireira Elane Maria não abre mão da paçoca e continua levando meio quilo para casa. “O que faço [para compensar] é comprar algumas outras coisas mais baratas para montar as refeições.”

O empresário Rogério Tavares também passou a reavaliar algumas compras diante da alta dos preços. Freguês da feira do bairro de Fátima, ele monta a cesta básica de casa alternando entre produtos dos supermercados e dos feirantes, mas precisou fazer algumas adequações para que os gastos caibam no bolso. “Estou fazendo uma contenção de compras. Antes, eu costumava comprar R$ 30 de peixe, hoje estou levando apenas R$ 20. Acredito que o preço do combustível para o transporte dos alimentos e o dos fertilizantes usados no plantio influenciam essa alta de preços”, avaliou.

Pesquisa de preços
 
Segundo o feirante Nilton Andrade, os preços mais altos são os de legumes e verduras, como batata-inglesa, tomate, cebola, repolho e beterraba. Os dois últimos ele deixou de vender por causa do custo. “Os clientes têm razão ao reclamar de um produto que, de R$ 2 passou para R$ 5, mas eles vão no supermercado e é pior ainda. Acabam voltando para a feira.”

Foi o que fez a funcionária pública Fátima Carvalho Góes. Após uma pequena peregrinação em supermercados da cidade em busca de frutas e folhas, preferiu comprar os itens na feira de Fátima. “Andei em vários supermercados e em nenhum tinha alface que prestasse. Além disso, abacaxi, laranja, cajá, batata-doce e feijão-verde são mais baratos aqui”, comparou, apesar de também ter percebido o aumento de preços do ano passado até agora.

O feijão-verde, queridinho do fortalezense, também subiu de preço. O empresário Rogério Tavares comprou três latas (medida usada pelos feirantes) a R$ 10, mas lembra de já ter levado quatro latas pelo mesmo valor. O feirante Silvânio de Paula Pereira explica que o preço do feijão-verde varia conforme o período chuvoso, que vai de fevereiro a maio. Em janeiro, o feijão-verde disponível é oriundo dos perímetros irrigados. “Quando chega essa época, é assim. Só melhora mesmo depois do 'inverno' [época de chuvas]”.

Para driblar os preços altos, alguns feirantes apostam nas frutas da estação. Na feira do Jardim América, o comprador Antônio Carlos comemorava os bons preços do sapoti, da goiaba, da ameixa, da uva e do abacate. “Algumas frutas aumentaram, como o maracujá e a banana, outras baixaram. A gente deixa de trazer as frutas mais caras e, no lugar delas, trazemos as mais baratas para não esticar muito no preço. O abacate, por exemplo, estava R$ 12 reais o quilo e hoje está R$ 5”, comemorou.
 
Agência Brasil

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