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China amplia esforços para conter fluxo de saída de capital

10:25 | Jan. 27, 2016
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A China está ampliando seus esforços para interromper o fluxo de dinheiro que deixa o país em resposta à desaceleração econômica, que ameaça minar a ambição de Pequim de elevar o perfil do yuan na arena internacional.

As medidas mais recentes incluem a redução da capacidade das companhias estrangeiras na China para repatriar receitas, um corte no montante de yuans disponíveis para os bancos em Hong Kong para empréstimos e a proibição de que fundos baseados em yuans façam investimentos no exterior, disseram pessoas com conhecimento direto do assunto.

As medidas, muitas das quais ainda não foram reveladas publicamente, se seguem a uma série de esforços do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) para desencorajar investidores a apostar contra o yuan e para combater as transferências de dinheiro para o exterior.

"Eles não estão poupando esforços para impedir os fluxos de capital para fora do país", afirmou um graduado executivo do setor bancário chinês que é próximo do PBoC. "Todas as medidas são as mais agressivas que já vi na história recente."

O PBoC, que não respondeu aos pedidos de comentário, também avalia maneiras de atrair dinheiro de volta ao país. Entre elas, permitir que moradores estrangeiros e companhias abertas operem contas bancárias de prazo mais longo.

As medidas pouco usuais são tomadas no momento em que a China queima centenas de milhões de dólares de suas reservas cambiais para impulsionar a moeda e estancar o ciclo cada vez mais vicioso de crédito fácil, enfraquecimento da moeda e fuga de capital. Um fluxo demasiado de capital para fora do país, segundo as autoridades, poderia ameaçar a estabilidade do sistema financeiro nacional.

As medidas também se seguem à designação pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) do yuan como uma das moedas de reserva globais. Ainda assim, Pequim agora parece recuar de seus compromissos para dar aos mercados mais influências para estabelecer o valor do yuan. Muitos investidores dizem que também se preocupam com a comunicação inadequada do BC chinês.

O presidente do PBoC, Zhou Xiaochuan, falou em público pela última vez no início de setembro, quando buscou dar garantias aos presidentes de bancos centrais e aos ministros das Finanças do G-20 de que a queda nos mercados acionários chineses estava perto do fim.

Investidores e analistas questionam o compromisso do governo com a liberalização dos mercados, após as tentativas de Pequim de impulsionar os mercados de ações há alguns meses e após sinais conflitantes sobre a política para o yuan.

"A China está recolocando agressivamente controles de capital", afirmou Scott Kennedy, vice-diretor do Center for Strategic & International Studies, um centro de estudos de Washington. "Parece que a China, por um futuro previsível, desistiu de sua meta de liberalização substancial do câmbio."

O sinal mais óbvio do esforço para conter a saída de capital é a queda nas reservas em moeda estrangeira da China. Até dezembro, elas haviam recuado cerca de US$ 700 bilhões, após registrar o recorde de quase US$ 4 trilhões em meados de 2014. A queda ocorreu após o constante acúmulo de reservas do país desde meados dos anos 1990, no momento de impulso das exportações chinesas.

Mas o fluxo de dinheiro se inverteu após a China desvalorizar o yuan em meados de agosto, levando o PBoC a usar reservas para defender a moeda. O risco era que uma queda forte pudesse gerar fuga de capital, com ativos denominados em yuan menos atrativos.

Em seus últimos esforços, o PBoC instruiu bancos na China continental a exigirem documentação mais detalhada de seus clientes corporativos para remeter lucro a seus países de origem. Além disso, nesta segunda-feira o banco central começou a impor exigências severa de compulsórios nos depósitos em yuan sediados em Hong Kong. A nova medida na prática reduz o montante dos fundos em yuan no sistema bancário de Hong Kong em cerca de 150 bilhões de yuans (US$ 23 bilhões), estima o economista Larry Hu, do banco de investimentos Macquarie Securities. Os depósitos em yuan em Hong Kong totalizam cerca de 1 trilhão de yuans. "O banco central está pressionando a liquidez em Hong Kong de modo que fique mais caro apostar contra o yuan offshore", afirmou Hu.

O PBoC ainda recomendou recentemente que os bancos domésticos elevem bastante as taxas de juros de qualquer empréstimo tomado por bancos operando em Hong Kong para propósito de empréstimos, disseram as fontes. Isso desencoraja bancos de Hong Kong a tomar fundos em yuan da China continental às custas de prejudicar os negócios no exterior. "O negócio de emprestar yuan offshore está morto", disse um executivo de um dos quatro principais bancos estatais da China. O PBoC ainda proibiu que gerentes de ativos estrangeiros, incluindo companhias de fundos de hedge e de private equity, levantem fundos em yuan para investimentos no exterior, revertendo esforço anterior que tinha como objetivo promover a internacionalização da moeda. Fonte: Dow Jones Newswires.

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