A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) afirmou nesta quinta-feira (24), em relatório, que os ratings da Braskem não são imediatamente afetados pelo acordo para fornecimento de Nafta com a Petrobras, assinado e anunciado ontem (23). A petroquímica tem rating BBB- na escala global e brAAA na nacional, sendo ambos com perspectiva negativa.

A definição de um novo contrato de longo prazo elimina, neste momento, conforme a S&P, qualquer incerteza no que diz respeito à sustentabilidade do fornecimento de nafta da Petrobras, o que representa cerca de 70% das necessidades da Braskem. A agência explica ainda que seu cenário base já incluía preço de nafta próximo ao anunciado no novo acordo, resultando, considerando os atuais spreads petroquímicos, em margens de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda) estimadas em cerca de 20%.

Segundo a agência classificadora, a visão negativa sobre os ratings da Braskem reflete os desafios da empresa em manter "sólida" eficiência operacional e "forte" liquidez em meio à economia atualmente fraca no Brasil. A nota da petroquímica, conforme a S&P, pode ser novamente rebaixada se ocorrer uma maior deterioração da economia brasileira que poderia reduzir a demanda por produtos da empresa, enquanto que os custos das matérias-primas aumentaram ligeiramente após a negociação do contrato de nafta com a Petrobras.

"Esses fatores, somados à concorrência das importações, poderiam enfraquecer a capacidade da Braskem de continuar a repassar aumentos de custos para os clientes", destaca a S&P.

A agência acrescenta ainda que um rebaixamento dos ratings da Braskem pode ocorrer diante do enfraquecimento das suas métricas de crédito, com sua alavancagem, considerando dívida líquida/ebitda, ultrapassando o intervalo de 3 vezes a 3,5 vezes.

Após quase três anos de discussões e inúmeras idas e vindas durante as negociações, Petrobras e Braskem assinaram ontem um novo contrato de longo prazo para o fornecimento de nafta petroquímica. O acordo terá validade de cinco anos, a contar a partir desta quarta-feira (23), e prevê que o valor a ser pago pela nafta fornecida à Braskem utilize como referência o preço do mercado europeu. A nafta foi precificada em 102,1% da referência ARA, termo utilizado no caso dos valores praticados nos mercados de Amsterdã, Roterdã e Antuérpia.