Suspensão da liquidação de energia de curto prazo afeta investimentos, diz Aneel
"As empresas que antes recebiam pelo menos uma parte dos valores agora não vão receber nada. Com certeza isso irá afetar significativamente o fluxo de caixa das companhias e pode prejudicar investimentos e a própria atividade rotineira das empresas. O quanto vai afetar o serviço depende da situação de caixa de cada agente, é preciso ver caso a caso", admitiu Rufino.
A liquidação que estava marcada para esta semana era referente à energia produzida no mês de setembro. Com a decisão da CCEE em suspender o processo, resta ao governo torcer pela adesão dos agentes à Medida Provisória 688, que propõe a repactuação das dívidas ao longo dos próximos anos e exige que as empresas desistam de discutir o problema na Justiça. Caso contrário, o mercado de energia continuará travado.
"Esse travamento não foi causado pelas instituições do setor elétrico, mas pelos agentes que procuraram a Justiça para defenderem o que entendem ser os seus direitos. Acredito que a repactuação do risco hidrológico possa ter um 'efeito dominó' sobre essas ações judiciais, ou seja, quando os geradoras retirarem suas liminares, os demais agentes também deverão fazer o mesmo", completou Rufino.
O setor elétrico enfrenta uma guerra de liminares a respeito do risco hidrológico (GSF). O imbróglio está relacionado à seca que atingiu o País desde 2012. Com o baixo nível de chuvas, os reservatórios das hidrelétricas baixaram e o governo mandou as usinas pouparem água. Para suprir a demanda, as termelétricas foram acionadas, e as usinas movidas à água foram obrigadas a produzir menos energia do que venderam em contrato. Por consequência, tiveram de comprar o que não conseguiram gerar no mercado de curto prazo, a preços muito mais altos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o rombo atinge R$ 10 bilhões neste ano, mas as empresas garantem que a conta chega a R$ 20 bilhões.