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Para Presidente da Abear, melhora de cenário do setor aéreo só virá em 2 anos

11:05 | 26/11/2015
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, afirmou na manhã desta quinta-feira, 26, que a entidade não vê um cenário de melhora para o mercado aéreo em menos de 24 meses, e que a expectativa para o período de fim de ano é a mais conservadora possível.

Em outubro de 2015, a demanda doméstica por viagens aéreas recuou 5,74% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo levantamento da Abear, que reúne os dados das principais companhias aéreas brasileiras (TAM, Gol, Azul e Avianca). A oferta, por sua vez, apresentou retração de 3,87% no mês passado em relação ao mesmo período de 2014. Com isso, a taxa de ocupação teve queda de 1,57 ponto porcentual (p.p.), para 79,3%.

"Os números desse mês mostram que nós éramos um dos últimos setores que ainda resistiam à onda da crise, mas agora acabamos engolfados", disse o presidente da Abear. Segundo Sanovicz, os resultados registrados em outubro de 2015 ante o mesmo mês de 2014 representam a maior queda já registrada, tanto na oferta quanto na demanda doméstica, desde o início da série histórica da entidade, que teve início em setembro de 2012.

"O resultado atual é ruim, e ano que vem irá piorar", disse Sanovicz. "Não vemos um cenário de melhora em menos de 24 meses. Os números serão piores em 2016 e continuarão ruins em 2017, com certeza", afirmou o executivo, destacando que a previsão oficial do governo de queda de 1,9% no PIB do Brasil em 2016 leva a crer que a recuperação no setor aéreo ainda irá demorar para ser atingida. "A capacidade será cortada mais agressivamente daqui para frente".

Em relação aos últimos meses de 2015, o executivo afirmou que, por um lado, existe uma natural tendência de crescimento na movimentação por conta das férias de fim de ano e das viagens à lazer. No entanto, Sanovicz avalia que a incerteza econômica e o movimento de cortes nas vagas de trabalho faz com que as perspectivas sejam pouco favoráveis para as famílias, o que pode pesar na decisão final em relação à uma viagem aérea a lazer neste momento. "Nossa expectativa é a mais conservadora possível, não há nenhum dado otimista".

Para combater o cenário de crise, o presidente da Abear afirmou que as associadas estão trabalhando para cuidar "de cada centavo", de modo a manter intocados todos os padrões de qualidade e segurança. "O ambiente econômico contaminado pela crise política nos obriga a sermos extremamente conservadores".

Demandas

Eduardo Sanovicz disse que não obteve nenhuma resposta até o momento por parte do governo em relação às medidas propostas pela entidade em setembro para tentar combater os impactos da crise econômica no setor aéreo.

Dentre as medidas, estavam o pedido de renúncia de determinadas cláusulas financeiras nos contratos de empréstimo, com financiamento via Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac). A solicitação incluiria o pagamento das tarifas aeroportuárias e de navegação, com pagamento a partir de 18 meses do início do regime - a ideia era usar até metade do fundo, que conta com saldo de R$ 4 bilhões, para arcar com os pagamentos das tarifas em questão no curto prazo.

Um segundo ponto dizia respeito à precificação do querosene de aviação (QAV), com a entidade solicitando uma prática de preços alinhada com o mercado internacional. Ainda em relação ao combustível, a Abear também solicitou a eliminação da incidência de ICMS sobre o QAV.

"Entregamos ao governo demandas que diziam que, nesse cenário crítico, não é mais possível tolerar a manutenção, no País, de regras e regulações que diferem do mercado internacional", disse Sanovicz. "Entendemos que são pontos que o governo poderia mexer sem cair na linha de ajuda ou subsídio".

O presidente da Abear destacou que as medidas foram entregues com antecedência, antes que os dados do setor aéreo começassem a mostrar uma deterioração mais profunda. "Não tivemos nenhuma resposta do governo até agora. As pessoas nos recebem e recebem os pleitos, são sérias, educadas e corretas. Mas não há resposta".

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