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Ações da Petrobras caem com perdas de produção por causa de greve

18:50 | 04/11/2015
Após a Petrobras reconhecer perdas de até 13% na produção de petróleo, em função da greve de trabalhadores desde o último domingo, as ações da companhia lideraram, nesta quarta-feira, 4, as perdas na BMF&Bovespa. O temor é com o impacto na geração de receita da companhia, que deve aprofundar a dificuldade de caixa da estatal. O HSBC calcula que o impacto da paralisação ao longo do mês pode custar à Petrobras entre US$ 196 milhões e US$ 315 milhões. Hoje, o movimento grevista conseguiu a adesão de mais unidades de produção, além de terminais de distribuição da Transpetro no Paraná, São Paulo e Santa Catarina.

A companhia não fez novas estimativas de perda de produção. Na noite de terça-feira, a companhia avaliou em 460 mil barris de petróleo e cerca de 19 milhões de metros cúbicos de gás natural a redução acumulada na produção desde domingo. As ações fecharam em queda de 6,34% (ordinárias) e 4,72% (preferenciais), pressionadas também por uma nova queda na cotação internacional de petróleo.

Além da queda na produção, analistas e investidores avaliam os efeitos da greve sobre a reestruturação da Petrobras, uma vez que os petroleiros são contra a venda de ativos, o corte de investimentos e as alternativas para financiamento do plano de negócios. "As greves impedem a diretoria de executar seu plano de desinvestimento para 2016. Além disso, acreditamos que o uso de ativos como garantia para futuros novos empréstimos também está em risco", afirma relatório do HSBC.

Para a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), a paralisação ainda não afeta "no momento" a nota de crédito da estatal, mas pode influenciar a redução do endividamento e alavancagem, em função das perdas na produção. "A extensão da greve e seu impacto na curva de produção ainda são incertos. Caso seja prolongada, a paralisação aprofundará os desafios de crescimento da produção, a desalavancagem do balanço patrimonial e nossa avaliação do perfil de risco isolado da companhia".

Adesões

Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne 13 sindicatos da categoria, ao reconhecer perdas entre 8,5% e 13% na produção por conta do movimento grevista a Petrobras "subestima o impacto da paralisação e da redução das atividades de unidades operacionais em diversos estados do País". Hoje, a federação contabilizou duas novas adesões somando 47 unidades marítimas mobilizadas na greve.

Segundo o sindicato, 28 plataformas produtoras estão completamente paralisadas na Bacia de Campos, a segunda principal do País. Outras sete estão com produção restrita e nove têm operação executada por equipes de contingência da Petrobras. "A FUP e seus sindicatos têm denunciado a possibilidade de acidentes graves em função das equipes de contingência que a Petrobras ilegalmente está colocando para operar as unidades", informou comunicado da federação.

Além das unidades produtoras, três unidades de manutenção e serviço, que apoiam a logística da produção, também foram paralisadas, assim como o Terminal Cabiúnas, em Macaé. Em São Paulo, os terminais da Transpetro em Barueri e Guararema também aderiram ao movimento nacional. No Paraná, houve adesão no terminal aquaviário de Paranaguá (Tepar) e em Santa Catarina, nos terminais de Guaramirim, Biguaçu e Itajaí.

O comando de greve da FUP também planeja novas ações e estratégias para paralisar a atividade nas refinarias, que estão sem troca de turno desde a deflagração do movimento, na última semana. Em São Paulo, na Refinaria Presidente Bernardes (Repar), em Cubatão, os funcionários estão há sete dias sem sair da unidade que não pode ter a operação interrompida. O mesmo acontece na Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, na Bahia.

Nesta quinta-feira, 5, uma manifestação na porta da unidade está programada em desagravo à prisão, na segunda-feira, do conselheiro da Petrobras, Deyvid Bacelar, e dois sindicalistas durante mobilização pela greve. Na sexta-feira, está prevista uma manifestação também no centro do Rio, para agregar à mobilização outros movimentos sociais, como estudantes, trabalhadores sem terra e outras categorias de trabalhadores.

"Há manifestações favoráveis de parlamentares e conversas com interlocutores do governo. Nossa preocupação é a consolidação do movimento para ter uma correlação de forças melhor na negociação", resumiu o líder sindical José Genivaldo Silva.

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