Milho, algodão e feijão melhoram estimativa de produção de grãos, diz IBGE
A estimativa do milho de segunda safra recebeu um reforço de 738,7 mil toneladas entre agosto e setembro. Metade desse incremento partiu de Mato Grosso, o maior produtor. Condições climáticas favoráveis estenderam a colheita e melhoraram o rendimento do grão, ajudando a colocar a "safrinha" como responsável por quase dois terços de toda a produção de milho do País. Serão 55,364 milhões de toneladas de milho de segunda safra, 13,9% a mais do que no ano passado.
No caso do algodão, a boa produção da segunda safra do caroço é que tem beneficiado as estimativas de colheita. Em relação a agosto, o volume avançou 2,5%, a 4,126 milhões de toneladas, puxada por Mato Grosso, maior produtor. "A safrinha de algodão, plantada depois da soja, teve boa produção", notou Mauro Andreazzi, gerente da pesquisa.
Mesmo assim, a cultura apresenta recuo de 3,8% em relação ao ano passado, por causa da redução da área plantada. "As chuvas em Mato Grosso chegaram mais tarde. Os produtores acharam arriscado plantar o algodão e optaram pelo milho", explicou.
Já o feijão de terceira safra foi beneficiado por expansões da área plantada e do rendimento em Goiás, o segundo maior produtor da cultura. Com isso, a estimativa de colheita do grão avançou 1,0% em setembro ante agosto. Mesmo assim, as 449 mil toneladas são 4,5% menores do que o obtido no ano passado, apontou o IBGE.
Embora não contabilizados na estatística da safra, as plantações de cebola, mandioca e cana-de-açúcar também melhoraram seu desempenho entre agosto e setembro, segundo o órgão. No caso da cebola, o avanço foi de 3,9%, para 1,681 milhão de tonelada. "Isso deve contribuir para a queda no preço", disse Andreazzi. A melhora foi puxada por Santa Catarina, líder na produção, onde a colheita foi estimada em 5,2% a mais do que em agosto. "As boas condições do campo favoreceram o rendimento médio", afirmou o gerente. Minas Gerais, por sua vez, expandiu a área de plantio.
A mandioca, por sua vez, deve ter produção de 23,531 milhões de toneladas este ano, 1,7% a mais do que no ano passado e incremento de 1,0% sobre a projeção de agosto. Segundo Andreazzi, os produtores paranaenses, líderes no País, decidiram colher uma área maior, já que o preço da raiz está menos competitivo do que em anos anteriores. "Com a terra livre, eles podem plantar outra cultura mais rentável", disse.
Já a estimativa de produção da cana-de-açúcar cresceu 0,4% entre agosto e setembro, puxada por Goiás, que elevou sua expectativa de colheita em 3 milhões de toneladas. Com isso, o volume produzido no País deve chegar a 708,4 milhões de toneladas este ano. São Paulo, o maior produtor, não alterou as informações de safra.
Café
A estiagem na região do Cerrado de Minas Gerais prejudicou o rendimento das plantações de café arábica, o principal tipo do grão cultivado no Brasil, conforme o IBGE. A produção deve ficar em 1,937 milhão de toneladas (32,28 milhões de sacas de 60 kg), segundo o LSPA de setembro, 2,2% a menos do que o estimado em agosto.
"Há redução na região do Cerrado em Minas Gerais. A estiagem afetou o rendimento da cultura", afirmou Mauro Andreazzi. "Com a colheita da safra aproximando-se do seu final, os produtores do Cerrado mineiro vêm constatando a necessidade de um volume maior de grãos para encher uma saca", acrescentou.
Ainda assim, a produção de café arábica será 1,0% maior do que no ano passado, quando foram colhidos 1,917 milhão de toneladas (31,95 milhões de sacas).
O café canephora, ou robusta, apesar de mais resistente ao calor, também vem sofrendo com a estiagem. Em setembro, o Espírito Santo, maior produtor (com 67,7% do volume colhido), revisou a previsão de produção para baixo em 2,7%. Como as demais regiões ficaram estáveis e houve leve crescimento em Rondônia, a estimativa total cedeu 1,6% na passagem do mês.
No acumulado de 2015, porém, a colheita de café robusta (ou conilon) deve totalizar 632,8 mil toneladas (10,55 milhões de sacas), 20% a menos do que no ano passado, quando a produção chegou a 791,4 mil toneladas (13,19 milhões de sacas). "O plantio desse café é irrigado, e o Espírito Santo diminuiu a capacidade de irrigação. Com isso, diminui a produção", explicou Andreazzi.
Nordeste x Sudeste
A perspectiva de que o Nordeste ultrapassaria o Sudeste em termos de produção de grãos neste ano não deve se concretizar. A estiagem severa abortou a troca e acabou minguando o processo de crescimento da colheita nos Estados nordestinos, segundo o LSPA de setembro.
Na pesquisa de abril, estimava-se para o Nordeste uma safra de 18,9 milhões de toneladas, avanço de 20% em relação ao no passado. Seria a primeira vez na história da LSPA, que tem dados desde 1975, que a região ficaria à frente do Sudeste na produção nacional. À época, a projeção era que o Sudeste poderia colher 18,3 milhões de toneladas.
Passados cinco meses, o quadro se inverteu. Hoje, o Nordeste deve produzir 17,3 milhões de toneladas, avanço de 9,6% ante 2014. Já o Sudeste ampliou as expectativas para até 18,8 milhões de toneladas, crescimento de 4,7% na comparação com o ano passado.
"As chuvas que se esperavam no Nordeste não ocorreram, e a região continua com estiagem. Então, não se concretizou (a ultrapassagem). Eles plantaram, mas não conseguiram colher. O Sudeste também teve problema de estiagem este ano, mas foi menos severa", explicou Mauro Andreazzi.