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JPMorgan: com depreciação rápida do câmbio, uso de reservas pode ser necessário

17:50 | 01/10/2015
A velocidade de depreciação do câmbio observada nas últimas semanas sugere um movimento além dos fundamentos econômicos no Brasil e pode demandar uma intervenção do Banco Central por meio do uso das reservas cambiais, avalia a economista-chefe do JPMorgan no Brasil, Cassiana Fernandes, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

"O BC está certo (em pensar em usar as reservas), as reservas são um seguro, mas só devem ser usadas em caso de sinistro, e não para conter uma depreciação cambial baseada em fundamentos. No entanto, acredito que a velocidade de desvalorização do câmbio das últimas semanas sugere um movimento além dos fundamentos e a intervenção do Banco Central poderia ser necessária", explica.

Apesar de aprovar o uso das reservas, Cassiana acredita que, por enquanto, os derivativos parecem ser o instrumento mais adequado, já que ainda "não houve um grande fluxo de saída de dólar". As reservas do BC somam cerca de US$ 370 bilhões.

Atenta às discussões políticas sobre o pacote de medidas de austeridade anunciado pelo governo há duas semanas, a economista do banco norte-americano está pessimista quanto ao retorno da CPMF. "Não trabalhamos com a aprovação da CPMF neste ano. Mesmo com a reforma ministerial, eu acho muito difícil, por ser uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que precisa de 3/5 dos votos dos parlamentares", disse. Cassiana afirmou que, se a CPMF for aprovada, certamente teria de rever suas projeções para o País.

Por enquanto, o JPMorgan espera que a economia apresente recessão de 2,8% em 2015 e de 1% em 2016. A inflação ao consumidor deve atingir 8,8% neste ano e 6,3% no ano que vem. A Selic só deverá ser alterada no terceiro trimestre de 2016, com uma redução para 13,50%.

"Se os nossos cenários de crescimento e fiscal se provarem corretos nos próximos meses, acreditamos que o Brasil será novamente rebaixado pelas agências no ano que vem, pela Fitch ou pela Moody's", disse. Para o curto prazo, Cassiana diz que trabalha com a hipótese de a Fitch rebaixar a nota de risco soberano em breve, "mas não para perder o selo de bom pagador ainda".

Em relação ao Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), a economista aposta em uma alta das taxas de juros em dezembro (quando ocorre a próxima reunião do comitê de política monetária nos Estados Unidos), dando início ao ciclo de aperto da política monetária do país. "Mas o impacto no Brasil deve ser pequeno porque esse movimento está mais do que antecipado", disse. A última reunião ocorreu em setembro e decidiu pela manutenção das taxas de juros em níveis próximos de zero.

Quanto ao cenário político, Cassiana considera improvável o impeachment da presidente Dilma Rousseff, embora reconheça que existe a possibilidade. "O impeachment não está no nosso cenário-base, o risco existe, mas não trabalhamos com ele", afirmou.

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