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IPCA-15 mostra repasse de alta no atacado mais lento que o esperado, diz Perfeito

12:50 | 21/10/2015
O repasse da alta nos preços do atacado para o consumidor não está ocorrendo na velocidade imaginada, o que levou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) a ficar abaixo do esperado pelo economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. "Isso reforça a ideia de que o IPCA não vai começar a desacelerar este ano", disse.

Perfeito esperava avanço de 0,72% para a prévia da inflação de outubro, mas o resultado anunciado nesta quarta-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em 0,66% - também abaixo da mediana de 0,68%, segundo os especialistas ouvidos pela Agência Estado.

"A passagem dos preços do IPA (atacado) para o consumidor não veio na velocidade que a gente imaginava", justificou.

Nos índices da Fundação Getulio Vargas (FGV), que mensuram o atacado, a alta do dólar tem sido o principal combustível para o avanço dos preços, de commodities a bens finais, passando inclusive pelos materiais para a manufatura. O movimento é disseminado, mas não tem encontrado muitos ecos no varejo.

Segundo Perfeito, o represamento do repasse do dólar aos consumidores pode ser um dos motivos por trás do IPCA-15 menor que o esperado. "O câmbio tende a demorar (a ser repassado). Não tem espaço para o atacado contaminar tanto o varejo porque a renda das pessoas está caindo, há desaceleração do consumo", afirmou.

Mesmo assim, a inflação pode ficar muito próxima dos dois dígitos, segundo o economista. A Gradual hoje estima alta de 9,48% em 2015, mas não descarta uma taxa mais próxima de 10% devido ao reajuste dos combustíveis. Na leitura divulgada hoje pelo IBGE, a gasolina subiu 1,70%, reflexo de parte do reajuste de 6% praticado pelas refinarias desde 30 de setembro.

A despeito disso, Perfeito não espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a taxa básica de juros, a Selic, na reunião de hoje à noite. A taxa atualmente está em 14,25% ao ano. "Eu era um dos poucos que acreditavam que (o BC) ia subir o juro na reunião passada, porque o fiscal já mostrava deterioração. Seria mais barato elevar naquela época. Aumentar o juro agora seria admitir que errou na estratégia", avaliou.

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