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É preciso evitar novas reduções nas notas, diz representante do País no FMI

18:45 | 15/10/2015
Após o rebaixamento do rating soberano do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch, é preciso resolver o "imbróglio político" no qual o País se encontra para evitar novas reduções nas notas, afirmou nesta quinta-feira, 15, o representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Otaviano Canuto. Para ele, houve mudanças entre o rebaixamento pela Standard & Poor's (S&P), no mês passado, e o anúncio da Fitch nesta quinta-feira, mas a crise política fala mais alto.

"Estamos prisioneiros da resolução do imbróglio político", afirmou Canuto a jornalistas, durante a assembleia do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), no Rio.

Sobre a decisão de hoje da Fitch, Canuto destacou a manutenção do "grau de investimento" na escala da agência. "O esforço deve ser para evitar que haja a perda do grau de investimento numa segunda agência", afirmou o representante do FMI, referindo-se à ação da S&P, que retirou o "grau de investimento" ao rebaixar a nota do Brasil.

Como mudanças desde o anúncio da S&P, no mês passado, Canuto citou a apresentação do plano fiscal por parte do governo, incluindo a recriação da CPMF. Para evitar uma segunda perda do "grau de investimento", segundo Canuto, é preciso resolver a crise política para aprovar esse plano e, em seguida, atacar, no médio prazo, a redução de despesas de forma mais estrutural, diminuindo a indexação e vinculação dos gastos.

"Quando se olha para 2015 e 2016, a equipe econômica cortou onde podia", disse Canuto, que defende a CPMF como solução provisória de curto prazo. Apesar da dificuldade de aprovar as medidas do pacote fiscal apresentado pelo governo, Canuto disse que espera "percepção de urgência, compromisso e responsabilidade" dos agentes políticos.

Para ele, a crise política, ao lado dos desdobramentos da operação Lava Jato, contribuiu decisivamente para o tamanho e a duração da recessão econômica no Brasil, ao elevar a incerteza na economia. "Quando todas as empresas sentam e esperam, a economia desaba", disse o representante do FMI.

Canuto também descartou a estratégia de vender parte das reservas cambiais como saída para reduzir a dívida pública bruta e, assim, melhorar a percepção de risco perante as agências. "O problema não é tanto o estoque da dívida pública, mas sim os fluxos de receita menos despesa. Se o problema está nos fluxos, não adianta mudar o estoque se os fluxos continuarem com sinal negativo", afirmou Canuto.

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