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Combinação de juro e câmbio se torna fatal para captações

15:10 | 04/10/2015
A volatilidade de juros e do câmbio está sendo uma combinação fatal para as captações previstas para este ano no mercado de capitais. Na renda fixa, apenas duas de cinco emissões de debêntures de infraestrutura previstas para a janela que antecede os balanços do terceiro trimestre chegam ao mercado. Em renda variável, as duas prováveis ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) podem ficar para 2016.

A falta de previsibilidade dos juros, câmbio e inflação tornou ainda mais difícil o planejamento para a precificação dos ativos e, somado a isso, está havendo uma onda de rebaixamento de ratings das companhias brasileiras por agências de classificação de riscos, lembra o sócio da área de Mercados de Capitais de TozziniFreire Advogados, Rodrigo de Campos Vieira. "A volatilidade torna a vida mais difícil tanto para o emissor quanto para o investidor", disse o especialista, destacando que o nível de incerteza está tão alto que até operações mais curtas, como as de notas promissórias, podem estar comprometidas.

Na semana passada, período marcado por forte instabilidade, a CCR AutoBan pediu interrupção de sua oferta de R$ 930 milhões de debêntures incentivadas, citando o comportamento do mercado. A Comgás, que também está com uma oferta de R$ 500 milhões em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), está renegociando taxas com os bancos para prosseguir com a operação, dizem fontes. O problema da Comgás é que perdeu o grau de investimento, o que altera os custos, dado que estava saindo com uma emissão praticamente sem prêmio.

A EDP, no entanto, conseguiu colocar os R$ 750 milhões de debêntures, com duas séries incentivadas, e esse montante pode aumentar com exercício dos lotes suplementar e adicional, segundo fontes. A companhia oferecia boas taxas e a maior parte da oferta teria ficado na série mais curta. As duas primeiras séries, com vencimento em três e cinco anos, têm taxa teto de DI somado a spread de 1,90% e de 2,10%, respectivamente. A terceira série, de seis anos, oferece remuneração teto com base no IPCA 2022 somado a um spread de 1,40%. A quarta série, de nove anos, tem remuneração teto com base no IPCA 2024 somado a um spread de 1,65%.

A Petrobras tem processo de bookbuilding previsto para 15 de outubro. São R$ 3 bilhões em debêntures em três séries. Na primeira série, de cinco anos, o retorno oferecido correspondente ao CDI somado a um spread de 1,85% como teto. A segunda série, de sete anos, é incentivada e oferece juro calculado a partir da NTN-B com vencimento em agosto de 2022, acrescido de um spread de 0,80%, pagos anualmente. A terceira série, voltada aos fundos de pensão, têm teto de remuneração equivalente a NTN-B com vencimento em 15 de agosto de 2024 somado a um spread de 1,60%.

Como referência do aumento de custo da operação da Petrobras, desde o dia 26 de agosto, quando a companhia anunciou a oferta ao mercado, as NTN-Bs 2022 e NTN-Bs 2024 abriram 0,70 ponto porcentual e 0,60 ponto porcentual considerando-se a cotação do fechamento de hoje, para 7,70% e 7,60%, respectivamente. Somando-se o prêmio, a remuneração da segunda série subiu de 7,80% para 8,50% e da segunda série de 8,60% para 9,20%.

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