PUBLICIDADE
Notícias

Clientes enfrentam longas filas em bancos públicos após greve

Em muitas agências de Fortaleza, quem procurou atendimento enfrentou longas filas. Nos bairros do Centro, Jacarecanga e Parangaba, as filas se espalhavam por todo o quarteirão

15:03 | 29/10/2015
NULL
NULL

Após 23 dias de greve dos bancos públicos, filas enormes se formaram em frente às agências de Fortaleza. Entre as principais demandas dos usuários, estavam seguro-desemprego e Programa de Integração Social (PIS). Os funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Brasil (BB) e Banco do Nordeste (BNB) foram os últimos a sair da greve, na última quarta-feira, 28. Quem precisou de atendimento bancário, ontem, teve que contar com a paciência e muita disposição.

Mesmo abrindo oficialmente somente às dez horas da manhã, as filas em volta da agência da Caixa Econômica da avenida Francisco Sá, no bairro de Jacarecanga, começaram a se formar desde as 6 horas. O resultado disso é que faltando dez minutos para o banco começar o atendimento a fila já ocupava todo o quarteirão.

O ferreiro Edimar Nascimento foi um dos que chegaram bem cedo ao banco na expectativa de receber o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Cheguei aqui por volta das 6h30min e já tinha fila. Vim cedo porque já imaginava o sufoco, mas não dava para esperar mais. Estou cheio de coisas para pagar e que ficaram suspensas por causa da greve”, afirmou.

A costureira Rejane Queiroz chegou por volta das 9h50min e ficou na fila quase a um quarteirão de distância da agência. “Eu tomei um susto. Imaginei que a fila ia ser grande, mas não tanto”, afirmou a usuária que ia ao banco receber dinheiro na boca do caixa porque o cartão não chegou a tempo. “Eu acho muito ruim esta greve, porque o maior prejudicado é quem mais precisa”, reclamou.

No local, a auxiliar de atendimento da Caixa Econômica Meire Lima tentava organizar a fila que se formou do lado de fora da agência fazendo uma triagem dos atendimentos de menor complexidade. Ela explica que a maioria dos funcionários entrou mais cedo para tentar organizar o trabalho. “A gente já esperava esta demanda, estamos tentando fazer o melhor possível”, afirmou a funcionária, confirmando que a maior parte das demandas era de pessoas em busca do seguro-desemprego e pelo PIS.

Mesmo com o forte sol que despontava, houve quem encarasse a situação com bom humor. “Já vim preparado para passar o dia aqui”, afirmou o agente penitenciário Carlos Eduardo Nogueira, fazendo referência à mochila que trazia nas costas. Ele foi em busca do seguro-desemprego. "Todo trabalhador tem que reivindicar direitos. Eu acho justa a luta dos bancários. Para nós, agora cabe correr atrás dos nossos agora. A gente já sabe como é”, afirmou.

Na agência da Caixa Econômica da rua Floriano Peixoto, no centro da cidade, a movimentação também era intensa. No início da manhã, a fila se estendia até a rua Major Facundo. Muita gente também foi atrás de atendimento na agência localizada na avenida Oliveira Paiva, no bairro Cidade dos Funcionários, e na agência da rua 7 de Setembro, do bairro da Paraganba.

A esteticista Carla Lima chegou a esta agência por volta das 9h30min e, às 11 horas, ela ainda aguardava na fila, que a esta altura estava na rua Caio Prado. Ela conta que abriu uma conta há pouco mais de um mês e ficou esperando receber o cartão, que não veio. “Meu cartão não chegou e depois veio a greve e não consegui mais atendimento. Demorou tanto para eu receber que agora estou indo no banco mais para transferir o dinheiro para outras pessoas com quem peguei dinheiro emprestado”, reclamou.

Na mesma rua, a agência do Banco do Brasil, apesar de não ter filas do lado de fora, também registrou intensa movimentação. A aposentada Maria de Lourdes Maranhão comemorou o fim da greve. “Tinha umas coisas para resolver e só pude fazer hoje. Apesar das filas, o atendimento está rápido”, afirmou.

Balanço
A greve dos bancários este ano durou 23 dias. A quinta proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) foi aceita pelo Comando Nacional, no último domingo, 25, com reajuste de 10% nos salários e de 14% nos vales alimentação e refeição. Além de reajuste de 10% no piso salarial e 10% sobre o valor fixo da regra básica e sobre o teto da parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), sendo que a parcela adicional será de 2,2% o lucro líquido a ser distribuído linearmente. A negociação foi fechada após os bancos concordarem em não descontar as horas não trabalhadas.

 

Em Fortaleza, os bancos privados retomaram o atendimento na terça-feira, dia 27, já os bancos públicos aprovaram o fim da greve na quarta-feira, dia 28. No mesmo dia, as agências já retomaram o atendimento. Para o presidente do Sindicato dos Bancários do Estado do Ceará (Seeb-CE), Carlos Eduardo Bezerra, apesar do percentual de reajuste não ter atingido os 16% inicialmente pleiteados pela categoria, ainda há muito o que comemorar.


“Nós tivemos uma vitória muito grande da unidade nacional, da organização, da democracia. Mais de 500 mil trabalhadores entrarem juntos e saírem juntos de uma greve é um trabalho hercúleo. Com esta vitória, evitamos que os bancos impusessem uma mudança, um retrocesso nos direitos da categoria. O que eles queriam era um reajuste abaixo da inflação e diminuição de direitos, mas isso foi evitado”, afirmou.


Sobre os dias parados, ele informa que ficou acordado que as horas seriam compensadas em no máximo 1 hora a mais por dia até 15 de dezembro. Com isso, serão abonados 63% das horas dos trabalhadores de 6 horas, de um total de 84 horas, e 72% para os trabalhadores de 8 horas, de um total de 112 horas.

Cidadão
“Todo trabalhador tem que reivindicar direitos. Eu acho justa a luta dos bancários. Para nós, agora acabe correr atrás dos nossos agora. Mas já vim preparado para enfrentar a longa fila”, afirmou Carlos Eduardo Nogueira, agente penitenciário, que esperava atendimento para o seguro-desemprego.

 

“Esta fila está horrível. A gente que mais precisa é quem sofre. Estou esperando aqui para receber meu cartão e não pude pegar antes. Agora vou ter que pagar conta com multa”, afirmou José Manuel Freitas, operador de máquinas.

 

“Tentei chegar cedo para pegar um lugar, dado que já sabia que ia dar muita gente, mas espero resolver minha situação até às 15 horas”, afirmou Gleison Rodrigues, educador físico, que chegou a agência desde as 8h30. Ele estava em busca do seguro-desemprego.

 

 

TAGS