Planalto vê decisão da S&P com �surpresa�
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reconheceu que a notÃcia foi recebida com surpresa pelo Planalto. "Houve surpresa, mas estamos trabalhando", disse, após reunião com a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a mensagem do governo após o rebaixamento é de tranquilidade e de segurança para todos, "porque continuamos com o esforço de melhorar a situação fiscal do Brasil".
De acordo com o ministro, o governo avalia que a medida não muda a trajetória de recuperação da economia de reconstrução do equilÃbrio fiscal e que o mais importante é que o governo brasileiro continua a honrar todos os seus contratos. Barbosa reafirmou que o governo segue construindo as condições para o equilÃbrio fiscal, que reúne várias frentes, como o controle de gastos e as medidas para recuperação de receita. O momento, frisou, é de travessia e de recuperação da atividade econômica.
Desânimo
Na equipe do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, porém, o desânimo com a decisão foi gigantesco. Já se sabia que o governo teria pouco tempo - no máximo dois meses - para evitar a perda da nota que garante confiança para orientar as decisões dos investidores. Mas o prazo encurtou nos últimos dias com a dificuldade do governo em construir com o Congresso Nacional uma saÃda para evitar, em 2016, o terceiro déficit consecutivo das contas do setor público. Isso porque já está na conta que, em 2015, o resultado será negativo, seguindo o que ocorreu em 2014.
A frustração é grande porque o governo brasileiro demorou para alicerçar o caminho que levou o Brasil a conquistar, no dia de 30 de abril de 2008, o grau de investimento da mesma S&P. A agência internacional de risco agora sai novamente na frente ao rebaixar a nota e colocar o PaÃs na categoria de grau especulativo. E, mais do que isso, sabe-se que é muito difÃcil para um paÃs que ganhou e depois perdeu o selo de uma agência de rating conseguir recuperá-lo.
Em reuniões reservadas, no encontro do G-20, no final de semana passado, o ministro Levy e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já haviam manifestado preocupação com o risco de perda do grau de investimento.
Alertas não faltaram. Joaquim Levy, que ingressou no governo com a missão prioritária de evitar o rebaixamento, perdeu mais essa bandeira. Isso pode fragilizar ainda mais a sua posição no governo. Por mais que se diga o contrário. Para ficar, vai precisar de muito apoio para levar à frente seu plano de ajuste fiscal.