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Governo Dilma se movimenta para retomar comércio bilateral com o Irã

21:50 | 10/09/2015
O governo Dilma Rousseff quer retomar o comércio bilateral com o Irã. O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajou na noite desta quinta-feira, 10, para Teerã, a capital iraniana, onde terá longa agenda com ministros e com o próprio presidente Hasan Rowhani, entre sábado e domingo. O comércio entre Brasil e Irã, que chegou a ser de US$ 2,3 bilhões em 2011, caiu a US$ 1,4 bilhão no ano passado e continua em queda neste ano, como decorrência indireta das fortes sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos ao país árabe.

"A dificuldade de encontrar instituições financeiras para fazer o financiamento e também o pagamento de importações e exportações entre os dois países fez com que as empresas se retraíssem a partir de 2012", explicou a embaixadora Maria Clara Carisio, diretora do departamento da Ásia Central Meridional e Oceania do Itamaraty, em entrevista concedida hoje. Segundo ela, o acordo fechado entre os Estados Unidos e o Irã, em julho, que permitirá a evolução do programa nuclear iraniano com acompanhamento de técnicos internacionais significará, aos poucos, a retirada de sanções unilaterais aplicadas pelos americanos ao Irã. "Precisamos nos preparar para retomar o comércio bilateral tão logo essas sanções comecem a cair", disse Maria Clara.

Após a visita do ministro brasileiro, o Irã enviará seus ministros de agricultura e finanças para o Brasil, entre o fim deste mês e o início de outubro. Em seguida, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, deve embarcar com uma comitiva de empresários para Teerã. O ministro Mauro Vieira pode fazer parte dessa segunda visita, programada para ocorrer entre o fim de outubro e o início de novembro.

"Existe em todo o mundo, não só no Brasil, a expectativa de que o comércio normal com o Irã seja restabelecido na medida em que os bancos europeus, por exemplo, possam retomar o compromisso financeiro com os iranianos. O Irã tem muitos ativos congelados em instituições americanas e europeias e há todo um movimento de reaproximação empresarial na expectativa de que haja um descongelamento", disse Maria Clara.

"O Brasil vem desde muito tempo com um relacionamento privilegiado com o Irã. Sempre defendemos o diálogo e a diplomacia como saída, como solução para o impasse criado pelo programa nuclear iraniano. O auge de nossa relação foi no governo Lula", afirmou a embaixadora, em referência ao acordo, chamado Declaração de Teerã, fechado em 2010 entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então líder turco Recip Erdogan e o então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O acordo permitiria o enriquecimento de urânio, pelo Irã, fora do seu território. O acordo foi rechaçado pelas potências internacionais naquele momento, mas serviu de embrião para o entendimento fechado agora pelos Estados Unidos e o Irã, pelas vias diplomáticas.

Líbano

Depois de deixar o Irã, o ministro Mauro Vieira vai para o Líbano, onde terá agenda na próxima segunda-feira. Segundo a embaixadora Lígia Maria Scherer, diretora do Departamento de Oriente Médio do Itamaraty, a visita do ministro Mauro Vieira seguirá a lógica de "relacionamento estreitíssimo" entre os dois países. O Brasil detém a maior comunidade libanesa no mundo, com cerca de 10 milhões de pessoas. Em 2011, o vice-presidente Michel Temer visitou a capital libanesa, Beiture, para a abertura do primeiro centro cultural brasileiro no Oriente Médio. No ano seguinte, o então ministro da Defesa, Celso Amorim, esteve no país. Agora será a vez do ministro de Relações Exteriores.

"O Líbano assinou, no ano passado, um memorando com o Mercosul para iniciar um entendimento para acordo de livre comércio com o bloco, algo que nos interessa muito", afirmou Ligia, que também citou a situação humanitária na região como foco importante da visita do ministro ao país. "Há mais de 1,2 milhão de refugiados do conflito na Síria que foram para o Líbano. Nós temos procurado ajudar de todas as formas", disse a embaixadora. O número de refugiados representa quase um quarto de toda a população libanesa, de 4 milhões de pessoas.

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