Awazu diz que 'País precisa caminhar para soluções e reformas sem demora'
Awazu lembrou que a resposta à crise global nos países avançados criou o que ele chamaria de "complacência global". "Taxa de juros zero, com prolongado e voluntário achatamento da curva no longo prazo. Chamamento pelo FMI e pelo G20 para gastar e consumir mais. Isso vinha das instituições e dos países que sempre nos davam lição de austeridade."
"E era tentador deixar-se contaminar pela euforia sobre o Brasil, que, lembremo-nos, estava por toda parte, jornais, TV, etc. Se todos estão pedindo gasto, propondo crédito a taxa zero, então, por que não acreditar que finalmente tinha chegado a nossa grande oportunidade?", questionou o diretor do BC, acrescentando que para quem tem altas taxas de desconto era e foi mais do que suficiente. "Assim como a China fez seu contracíclico reforçando o seu velho modelo de mais investimento, nós também reforçamos o que sabíamos fazer, consumo e crédito. A economia política de cada país cria hábitos poderosos. Assim como nós, a China também está de certa forma tendo agora os seus próprios problemas", afirmou.
Para Awazu, agora é preciso dar sequência ao ajuste macroeconômico que está em curso, para reduzir desequilíbrios externo, fiscal, colocar a inflação na meta e redefinir o perfil de gastos para dar à dívida uma dinâmica sustentável no médio e longo prazo. "Ou seja, há um diagnóstico consensuado de que temos que endereçar claramente problemas fiscais conjunturais e estruturais. Precisamos começar por seu pleno reconhecimento e caminhar para o anúncio de soluções e reformas nos fóruns adequados, sem demoras", disse Awazu.
Isso, em suma, afirmou o economista, quer dizer que, como muitos países que optaram por ter um "Welfare State", temos que lidar com o nosso contrato social, já que estamos envelhecendo e nossa capacidade de gerar mais recursos pela nossa produtividade total de fatores não é nenhum pouco suficiente para cobrir as obrigações legais do que decidimos redistribuir há algumas décadas." Para Awazu, há que se redesenhar no Brasil o contrato social para que ele seja justo e equilibrado.
"Precisa de ajuste, sim, precisa de equilíbrio fiscal e isso não é nem de esquerda nem de direita, não é nem de situação nem de oposição, é simplesmente bom senso republicano. Fazer isso não é uma catástrofe, é natural, muitos países estão fazendo um ajuste desse tipo sem necessariamente jogar fora suas políticas sociais por conta de suas dificuldades macroeconômicas temporárias", disse o diretor do BC.