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Tarifa mais cara e retração econômica reduzem venda de energia pela Eletropaulo

19:50 | 08/08/2015
O consumo de energia nas 24 cidades da Região Metropolitana de São Paulo atendidas pela AES Eletropaulo, incluindo a capital paulista, encolheu 4,4% entre abril e junho deste ano, na comparação o mesmo período de 2014. A retração, reflexo da atividade econômica mais fraca e do custo mais alto da energia, tem origem principalmente na queda de 8,8% no consumo da classe industrial. Nas residências, a demanda encolheu 4,8%.

Os números do segundo trimestre acompanham uma tendência negativa mantida durante todo o primeiro semestre do ano. O consumo de energia entre janeiro e junho encolheu 3,9% em relação a 2014, fruto das quedas de 7,8% no consumo industrial e de 3,9% na classe residencial. O preço da tarifa elétrica, nesse mesmo período, subiu 75% em média para o cliente residencial, de acordo com a companhia.

O balanço trimestral divulgado ontem à noite pela Eletropaulo também revela uma queda de 1,5% no consumo comercial na comparação entre segundos trimestres. No acumulado do primeiro semestre, o indicador encolheu 1,8%. Já a categoria Demais, onde estão clientes rurais e a iluminação pública, por exemplo, teve retração de 2,7% no trimestre e 2,4% no semestre.

De acordo com a Eletropaulo, o consumo de 11.038,2 GWh entre abril e junho foi influenciado positivamente pela ocorrência de um dia mais de faturamento, o qual contribuiu para o consumo de mais 110 GWh. "Se fosse desconsiderado o impacto de um dia a mais de faturamento, a redução do mercado seria ainda maior, de 5,3% no período", informou a empresa.

A retração do consumo ocorre principalmente entre os clientes livres, aqueles atendidos pela Eletropaulo por intermédio de contratos de fornecimento de energia, e não a partir das tarifas regulares estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Nesse grupo, que reúne grandes consumidores de energia, principalmente da classe industrial, o consumo caiu 5,8% no segundo trimestre e 4,9% na comparação semestral.

O mercado cativo, atendido via tarifa, caiu menos. A retração divulgada pela distribuidora de energia ficou em 4,1% no trimestre e 2,7% no semestre.

Diante do menor consumo, a Eletropaulo tem realizado ações de cobrança e esclarecimento de dúvidas, incluindo os feirões de negociação, com o intuito de facilitar o pagamento da conta pelos clientes. A distribuidora também tem priorizado iniciativas que garantam a melhoria do serviço prestado. Foram investidos, no segundo trimestre, um total de R$ 140,4 milhões.

Qualidade. Os números de abril a junho mostram um maior número de interrupções programadas de fornecimento de energia para a execução de manutenções e podas. A meta da Eletropaulo é realizar 200 mil podas e 3.300 km de manutenção de rede adicionais às 140 mil podas e aos 4.800 km de manutenção já inicialmente programadas para o ano.

De acordo com a Eletropaulo, houve um crescimento de 75% no indicador de Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC) programada, o qual identifica o número de vezes em que o fornecimento é interrompido. No caso do indicador de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) - período em que o fornecimento foi interrompido -, as atividades programadas cresceram 64% no trimestre.

Com isso, o índice FEC caiu de 4,10 vezes entre abril e junho do ano passado para 3,50 vezes no mesmo intervalo deste ano. Já o DEC subiu de 8,16 horas de fornecimento interrompido para 9,97 horas. Ambos os números consideram dados dos últimos 12 meses.

No caso do DEC, a Eletropaulo tem enfrentado dificuldades para cumprir os limites estabelecidos pela Aneel. Por isso, e por outras transgressões ocorridas, a companhia pagou R$ 13,5 milhões em penalidades de abril a junho.

Maior distribuidora de energia elétrica da América Latina e responsável por atender mais de 20 milhões de pessoas, a Eletropaulo traçou como meta alcançar um índice de satisfação do cliente de 84,6% até 2019. Em 2015, esse número está em 73,4%.

Reajustes. O aumento da tarifa de energia, uma das razões atribuídas pela Eletropaulo para a queda do consumo, tem sido percebido pelos clientes paulistas desde o ano passado, mas foi a partir de janeiro que as tarifas dispararam. Naquele mês, a Aneel aprovou a adoção do sistema de bandeiras tarifárias, o qual encarece a tarifa sempre que o custo de geração de energia é mais alto.

A chamada bandeira vermelha, em vigor desde o início do ano, ainda foi reajustada em março e com isso, apenas no segundo trimestre, a tarifa da Eletropaulo teve acréscimo conjunto de R$ 489,7 milhões nas áreas atendidas.

No mesmo mês de março, as distribuidoras de energia foram autorizadas a aplicar um reajuste tarifário extraordinário (RTE). No caso da Eletropaulo, o aumento aprovado foi de 31,9%. Por isso, a despeito do menor consumo de energia, a receita líquida da distribuidora cresceu 55,8% no segundo trimestre e atingiu R$ 3,422 bilhões.

Esse número deve continuar a crescer no segundo semestre, após a adoção das novas tarifas da empresa. Desde o dia 4 de julho, a tarifa da Eletropaulo está, em média, 15,23% mais cara. O novo aumento corresponde ao reajuste anual regular adotado por todas as distribuidoras de energia do Brasil. O porcentual do aumento é estabelecido pela Aneel e entra em vigor na data de aniversário dos reajustes de cada empresa.

Graças principalmente à tarifa mais cara, a Eletropaulo acumulou lucro líquido de R$ 48,5 milhões no segundo trimestre. No mesmo período do ano passado, a distribuidora havia tido prejuízo de R$ 354,4 milhões.

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