Mudança de hábitos é arma de consumidor para enfrentar a crise
"Ainda bem que consegui quitar o carro (um Kia Sportage, 2007), mas a troca por um modelo mais novo vai ficar para depois", afirma Andrade. "As vendas caÃram e a empresa passou a não cumprir prazos de entrega, e comecei a faturar bem menos, resultando numa queda de renda brutal."
Segundo ele, "desde 2013, a coisa vem apertando, mas este ano, piorou demais". A saÃda foi usar criatividade e "jogo de cintura". "Em algumas contas, dou Â?pedaladasÂ?. Se tem juros altos, como cartão de crédito, dou prioridade no pagamento, mas outras, menores, ficam para o mês seguinte e assim vou revezando para não deixar de pagar ninguém", conta. "A gente atrasa aqui e ali e vai levando."
O consumo da famÃlia também mudou. "Troquei as marcas de produtos de limpeza e de consumo na casa", diz Célia. Agora a famÃlia compra grandes quantidades em lojas de atacado. "O sabão em pó, por exemplo, eu compro embalagens de cinco quilos, que sai mais barato. Parei com o refrigerante e agora o negócio é o suco de saquinho." Segundo Ernesto até mesmo conseguir outro emprego está difÃcil. "As empresas mais conceituadas estão com o quadro formado", explica. "Vamos esperar que as coisas melhorem para que a gente volte a consumir, mas não vejo muitas mudanças em pouco tempo não", concluiu.
Nova realidade
Em Fortaleza, Clébia Nobre, dona de uma pequena confecção de roupas masculinas no bairro Serrinha, deixou a Coca-Cola de lado e substituiu pelas "tubaÃnas", como são chamados os refrigerantes de marcas menos conhecidas. O sabão em pó que lavava a roupa da famÃlia - ela, o marido e as duas filhas menores - também foi trocado. De olho mais atento ao orçamento, Clébia deixou de lado a fidelidade a certas marcas de produtos.
Até pouco tempo atrás, a situação financeira da famÃlia era ótima. Em 2011, Clébia até ampliou a confecção, mas, com o aumento no custo de vida, a famÃlia começou a enfrentar alguns problemas financeiros. "A gente aperta o supérfluo e gasta o essencial. Ã? melhor do que ter dÃvidas para o futuro."
Professora da rede municipal de Fortaleza, Christiane Costa também teve de fazer ajustes no orçamento para não acumular dÃvidas. "Como as coisas estão piorando cada dia, a situação da classe média está no corte de despesas. Marcas caras nem pensar." Para continuar bancando o combustÃvel do carro usado para ir ao trabalho e para os passeios com a filha, ela reduziu o consumo de certos alimentos, como peixe, feijão verde e algumas frutas. Além da gasolina, outra conta que tem pesado é a de luz.
Já para o administrador de empresas Glauber Henrique de Carvalho, que trabalha no setor de construção, é separado e tem uma filha, a crise ainda não chegou. Ele costuma planejar tudo. "O segredo é não gastar com besteira", diz. Carvalho usa um software para administrar as contas pessoais. "�s vezes, pagamos caro por um produto, mas na verdade, estamos pagando pela marca." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.