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Dólar e energia elétrica pressionaram alimentos em julho, diz IBGE

13:15 | 07/08/2015
O dólar vem exercendo uma pressão importante sobre os preços dos alimentos, assim como a energia elétrica, avaliou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o grupo registrou alta de 0,65% no mês passado, a maior variação desde 2012, quando houve um forte choque na oferta de alimentos.

Os meses de julho costumam ser de baixa nos preços da alimentação. De 1994 para cá, o mês foi de deflação em dez vezes - incluindo em 2014 e 2013. Mas agora os agricultores reclamam do dólar, que se soma à energia elétrica como um fator de encarecimento dos custos.

"Percebemos em vários alimentos a pressão do dólar e também da energia elétrica", afirmou Eulina. "Agricultores em geral têm atribuído muito à questão do dólar os aumentos de preço. Falam também que isso pode levar a uma redução da área plantada, em especial aquelas (culturas) que dependem de irrigação."

Segundo Eulina, comprar adubos fica mais caro diante do dólar desvalorizado. Além disso, a irrigação é cara, e fica ainda mais onerosa diante da energia elétrica em alta e também do avanço nas tarifas de água e esgoto.

"A redução de área plantada ocorre no feijão e no trigo. Muitos não têm conseguido plantar no tamanho de hectares que plantava antes. Além disso, o dólar também afeta a pecuária, por conta do aumento de preços da ração", explicou a coordenadora. Em julho, ficaram mais caros produtos como feijão-mulatinho, leite longa vida, macarrão, pão francês e biscoito.

"Ainda há o fato de que, nesse ano, a seca foi muito forte. Apesar de safra ser recorde, os produtos foram muito prejudicados no início do ano pela seca", acrescentou.

Vestuário

O mês de julho foi de liquidações no vestuário e a principal razão foi a falta de movimento nas lojas. O inverno não acabou, mas os comerciantes estão tentando desovar estoques o quanto antes, explicou Eulina. Em julho, o grupo Vestuário registrou queda de 0,31% nos preços. "O pessoal está antecipando a liquidação de inverno, dada a retração que está sendo observada no comércio", afirmou Eulina. O quadro de queda ou de aumentos tímidos nos preços se repete na taxa acumulada em 12 meses até julho. Em Vestuário, a alta é de 3,39%, praticamente um terço da taxa da inflação geral, de 9,56% no período.

Alimentação fora de casa

Os estabelecimentos de serviços de alimentação não têm conseguido repassar o aumento dos custos para os clientes diante da queda na demanda, afirmou Eulina. Com isso, o preço da alimentação fora de casa neste ano subiu menos do que os alimentos consumidos no lar, invertendo uma tendência que havia se firmado nos últimos anos.

"Com o bolso mais vazio por causa de outras despesas básicas, comer fora tem tido menor demanda. Muitas vezes no trabalho, as pessoas estão levando comidinha feita em casa. A presença das pessoas nos restaurantes tem diminuindo", disse Eulina. "Os comerciantes não estão conseguindo repassar, e isso pode significar redução de margem de lucro", acrescentou.

No acumulado dos sete primeiros meses de 2015, a alimentação fora de casa subiu 6,46%, abaixo do resultado observado entre os alimentos consumidos no domicílio (7,76%), segundo o IBGE.

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