Demanda em queda das famílias tirou vigor dos serviços, diz RC Consultores
"Os serviços prestados às famílias apresentam desaceleração forte nos últimos três meses", avaliou. De acordo com Caparoz, em janeiro, o avanço nominal do faturamento dos serviços contratados pelas famílias estava em 8,9% e caiu para 0% em junho, na comparação com iguais meses de 2014.
Outro fato que corrobora a análise, destaca Caparoz, é a alta anual de 7,7% em junho na receita dos serviços administrativos e complementares, prestados principalmente a empresas. "No ano passado, a crise era mais aguda nas empresas que nas famílias. Agora, as empresas já ajustaram processos, produção e já fizeram a redução da demanda", afirmou, apontando o que a fraca base comparativa de 2014 explica o avanço nominal desses serviços em junho de 2015.
Para o economista da RC Consultores, a tendência é de que este movimento continue, com o encolhimento da renda das famílias comprometendo ainda mais o setor de serviços. "O impacto forte das famílias tende a continuar afetando o resultado geral do índice porque não tem perspectiva no médio prazo de recuperação do mercado de trabalho", comentou Caparoz. Segundo ele, pesam para este movimento os juros altos, a inflação pressionando os salários e o avanço do desemprego, que evidencia o risco de as famílias perderem renda e acaba por inibir o consumo.
Outro destaque apontado pelo economista é a diminuição no volume dos serviços contratados, uma vez que houve queda na receita, mas houve variação negativa de preços não na mesma magnitude. "O volume apresentou variação de -5,4% em junho de 2015 na comparação com o mesmo mês do ano passado", diz relatório da RC Consultores, com o cálculo deflacionado do indicador da PMS pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Serviços. De acordo com a RC Consultores, já são 16 meses consecutivos de queda do volume de serviços prestados.
O texto destaca ainda os segmentos que registraram queda mais forte nos volumes contratados: os serviços de informação e comunicação, com retração de 8,9%, seguido pelos serviços às famílias, com queda de 7,3%, na mesma base comparativa. "A preocupação é porque o volume negativo acaba gerando uma necessidade menor de mão-de-obra, de geração de emprego e de geração de impostos", explicou Caparoz.