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'A gente não quer uma bagunça completa no fiscal, e sabe como evitar', diz Levy

21:20 | 13/08/2015
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta quinta-feira, 13, que, apesar de algumas dificuldades durante o debate político, depois que se chega a um consenso no Brasil, sobre qualquer assunto, não se volta atrás. "Depois de um consenso, não se volta atrás. A inflação a gente aprendeu (como combater) há 20 anos, e hoje sabe como evitar. A gente não quer uma bagunça completa no fiscal, e sabe como evitar. A gente não quer degradação do meio ambiente, e sabe como evitar. A gente quer crescimento", afirmou durante painel no lançamento da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudança do Clima, em evento promovido pelo Instituto Ethos.

Questionado pelo mediador sobre a Agenda Brasil, apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que propõe inclusive uma aceleração na liberação de licenças ambientais, Levy lembrou que o governo divulgou o que chamou de "agenda de cooperação legislativa para o crescimento". "Ela mostra também um pouco do que já está sendo feito, não fala só da agenda do ajuste. E é exatamente isso que eu estou discutindo aqui, porque sei que (a questão ambiental) faz parte das reformas microeconômicas, estruturais, de um novo arranjo do Brasil para voltar a crescer", afirmou.

Ele disse que muitas vezes é cobrado para falar de projetos para além do ajuste fiscal, mas defendeu que o ajuste é econômico, uma "reengenharia" para que o Brasil possa entrar em uma nova fase. "É quase como se o século 21 começasse agora no Brasil, com uma economia diferente, com inovação, com mercados que estavam estruturados se alterando. Tudo isso é o que a gente vai enfrentar nos próximos cinco anos", explicou.

O ministro disse que é preciso debater as propostas "dentro do espírito democrático de criar equilíbrios". "Nem toda pauta a gente quer exatamente daquele jeito, mas é isso que vai permitir chegar a consensos para continuar avançando", reconheceu.

Moody's

Levy afirmou também que o governo vai continuar trabalhando as pautas que são importantes para o Brasil. A declaração foi uma resposta a questionamentos sobre o que precisaria ser feito para aproveitar o tempo que o País ganhou da Moody's e evitar um rebaixamento da nota do risco para o grau especulativo. "Continuaremos a reengenharia da economia para aumentar a eficiência, aumentar a competitividade, enfim, aquilo que é indispensável. E vamos também continuar pensando a longo prazo", afirmou.

Pedaladas

Questionado sobre o julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU) das chamadas "pedaladas fiscais", o ministro disse que as contas públicas no Brasil são transparentes e as indagações são importantes e serão respondidas. "O Tesouro Nacional tem feito um trabalho junto aos técnicos do TCU e tem sido produtivo. Em alguns casos tem recomendações, em outros elogios, e temos que continuar com esse trabalho técnico", comentou.

Em relação a possíveis alterações, no Senado, do projeto que reverte as desonerações sobre a folha de pagamento, podendo acabar com isenções criadas pela Câmara, ele comentou apenas que é preciso aguardar o encaminhamento do relator da medida provisória. "Acho que tem uma agenda muito grande em ambas as Casas para atender às necessidades do País", afirmou.

Câmbio

No evento Levy comentou que "há vários fatores afetando o câmbio" ao ser perguntado como estava vendo a desvalorização do real frente à moeda norte-americana. Ele ponderou que há varias moedas ao redor do mundo que estão se depreciando em relação ao real e citou o exemplo do yuan, moeda da China que foi desvalorizada no decorrer desta semana.

"Há vários fatores afetando o câmbio e é o dólar que está se apreciando", disse. Perguntado sobre o que o governo deveria fazer para conter a escalada do dólar, Levy disse: "Cumprir os nossos objetivos fiscais, evitar aumento das despesas obrigatórias do governo e evitar despesas onde não há receitas."

Ministérios

Sobre o que estaria fazendo para convencer Dilma Rousseff a reduzir o número de ministérios, Levy disse que a presidente sabe o que fazer. "A presidente (Dilma) não precisa contar com minhas observações na redução de ministérios, embora minhas observações sejam sempre bem acolhidas por ela", afirmou. Ainda de acordo com o ministro da Fazenda, a economia que se conseguiria com a redução dos ministérios não foi ainda quantificada.

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